Aline Frazão: “O futuro é imprevisível e divirto-me com essa imprevisibilidade”

Cantora e compositora angolana inicia esta sexta-feira em Lisboa uma digressão com Insular e várias surpresas. No Tivoli BBVA, às 21h30. No sábado, no Porto, à mesma hora, na Casa da Música.

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Aline Frazão: Prefiro reservar uma espécie de liberdade criativa" Fradique

Um ano passado sobre o lançamento de Insular, o terceiro disco de Aline Frazão chega aos palcos numa digressão portuguesa. Começa esta sexta-feira no Tivoli BBVA, seguindo-se a Casa da Música, no Porto (dia 15), o Auditório do Conservatório de Música de Coimbra (dia 27) e o Teatro Micaelense de Ponta Delgada (dia 29). Sempre às 21h30. Mas já percorreu, entretanto, três continentes: Brasil, Alemanha, Suíça, Espanha, Angola, Moçambique. “A reacção”, diz Aline, “tem sido de alguma surpresa em relação à nova sonoridade, mais rock, com guitarra eléctrica. Surpreende mais o público europeu, porque se calhar estavam à espera de uma música mais tradicional, mais africana. Mas em geral as reacções têm sido positivas. Por exemplo, em Angola as pessoas têm tendência a preferir as músicas menos rock, o que não é para mim uma surpresa. Mas gostam muito das letras, apreciam muito a escrita, a parte da palavra do disco.”

O novo single, recém-lançado em vídeo, é Prosa da situação: “Foi escolhida por ser das canções mais directas e também mais rock do disco. Apesar de haver também um vídeo de Susana, que é quase o oposto dessa. Mas a minha nova proposta musical está radicalizada na Prosa da situação, que mostra também o lado mais político, mais irónico e mais provocador do álbum.” Dirigido a todos os poderes ou a algum em particular? “É mais dado ao universal do que ao particular. No Brasil, houve pessoas que nos escreveram a dizer que isto se adaptava muito bem à realidade de lá. Há uma dimensão mais globalizada do poder, mas este tema está mais ligado ao que acontece em Angola, é uma paródia com a situação política lá.”

Apesar disso, a relação de Aline com Angola, diz ela, é de momento “muito boa”: “Os concertos estiveram completamente esgotados. Há um público crescente e especial que me dá muita força, que aprecia o lado mais reivindicativo do meu trabalho e as minhas crónicas no Rede Angola. Acho que as coisas estão a mudar lá e há uma demanda cada vez maior de propostas que saiam da caixa e do politicamente correcto.”

Surpresas e um poema

Nestes concertos, Aline centra-se no disco mais recente mas vai mais além. “A maior parte será do Insular, o disco que nos interessa apresentar e reafirmar. Mas escolhi várias surpresas para este concerto, a nível dos músicos e do alinhamento. Há canções que não canto há muito tempo, como Oriente, do primeiro disco, um tema muito importante para mim, agora com um arranjo mais próximo da morna, haverá várias canções do Movimento e algumas novas, como um poema do Ruy Duarte de Carvalho, ‘O sol, o sul, o sal’, que musiquei para piano e voz; e vou fazer também uma versão de uma música muito bonita do Waldemar Bastos. Prefiro guardar surpresa.”

Com Aline (voz e guitarra) estarão Marco Pombinho (piano acústico e guitarra), Miroca Paris (bateria e percussões), André Moreira (baixo), isto em Lisboa e Porto. Como convidados, estarão Ana Isabel Dias, na harpa, e o músico angolano Toty Sa’ Med. Em Coimbra e Ponta Delgada, por razões de agenda, o baterista e o baixista serão, respectivamente, Ivo Costa e Francisco Rebelo. Além disso, António Jorge Gonçalves preparou uma série de vídeos para projectar com algumas canções e que “vão contribuir para trazer um pouco para o palco a atmosfera visual do disco”.

O sucessor de Insular ainda não está em preparação, só no próximo ano. “Não tenho ainda claro o que será o próximo disco. Há muitos projectos que gostaria de fazer, mais ligados à música tradicional em Angola, ou revisitar clássicos, ou voltar à electricidade, ao rock. Prefiro reservar uma espécie de liberdade criativa para andar à procura de outras facetas da música, de novos estilos.” Em suma: “O futuro é imprevisível e divirto-me muito com essa imprevisibilidade.”

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