Abelhas, porcos, pombos, vacas, cães, gatos. Seres comuns, que nos acompanham desde sempre, que vemos a toda a hora. Uma familiaridade que pressupõe um perigo: não reparar na beleza de cada um, tomá-los como garantidos. Com a série "Ordinary Creatures", Gerrard Gethings tenta contrariar isso. Fotografa todas estes animais de forma estilizada, sem ruídos de fundo, quase olhos nos olhos. "O meu objectivo", diz, num comunicado enviado ao P3, "é fazer fotografias que são aspiracionais. Não quero criar imagens paternalistas de animais. Os meus retratados são criaturas complexas e expressivas, cheias de 'pathos', humor e imprevisibilidade. Quero que pareçam épicos, como na pintura clássica." Se as vacas são "nervosas", os porcos são "maldispostos" e as galinhas correm incrivelmente rápido. Por isso, para cada uma destas imagens, o fotógrafo inglês de 46 anos teve de arranjar alguma coisa que captasse a atenção dos retratados e que os mantivesse calmos, como descreveu no "The Guardian". A comida é sempre uma boa arma, mas não chega: os animais mais jovens, por exemplo, não gostam de ser separados do grupo. Para conseguir fotografar o porquinho, teve de pedir à assistente que segurasse algumas das suas irmãs para que ele não as perdesse de vista — e entre algumas fotos teve mesmo de os reunir. No fim de contas, este trabalho quer provar que um animal doméstico não é "menos bonito" do que um selvagem: "Quando te aproximas e captas cada detalhe de um cão, gato ou cavalo bonitos, começas a lembrar-te de onde é que ele veio. Parecem importantes e individuais outra vez. Com uma herança respeitável, que existe desde sempre". Gerrard inaugura a 28 de Setembro uma exposição desta série no Studio 1.1. em Londres. Estas imagens também estão à venda no seu site.