Violência
Elas são sobreviventes de ataques com ácido
Os ataques violentos com recurso a ácido (sulfúrico ou nítrico) são dirigidos sobretudo a mulheres e crianças e cometidos no sentido de mutilar, desfigurar e cegar as vítimas. Os danos físicos, psicológicos e sociais deste tipo de ataque são devastadores; as vítimas tornam-se, por norma, dependentes de cuidados médicos, logísticos, financeiros e legais por um longo período após o ataque. Os ácidos nítrico e sulfúrico são de fácil acesso — por serem comummente utilizados no processamento de algodão e borracha — e têm um impacto destruidor quando em contacto com os tecidos humanos. A cegueira e a perda do uso das mãos (pela corrosão dos ossos) são consequências frequentes e que tornam o cumprimento de tarefas diárias practicamente impossível. Os motivos que originam este tipo de agressão variam consoante a cultura de cada local. Disputas domésticas ou territoriais, conflitos relativos a dotes, a pedidos de casamento ou avanços sexuais recusados são os principais catalisadores. Embora mulheres e crianças sejam os principais alvos, há também registo de homens e idosos entre as vítimas. Segundo a Acid Survivors Trust International, uma instituição de caridade que apoia as vítimas de ataques com ácido sediada em Londres, "o elevado grau de impunidade, a corrupção política e as desigualdades de género de base cultural contribuem para o aumento da incidência dos ataques em muitos países". Não existem dados estatísticos globais, mas a Human Rights Watch estima que ocorrem entre 400 a 750 ataques em território paquistanês anualmente. Ana Marques Maia