Maratona: vitória de Eliud Kipchoge, de quem mais poderia ser?

Portugueses tiveram prestações muito abaixo do seu melhor e terminaram abaixo dos 100 primeiros.

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Pilar Olivares/Reuters

Por uma vez, as previsões gerais bateram certo numa grande prova da maratona, que neste domingo fechou o atletismo nos Jogos do Rio de Janeiro. O queniano Eliud Kipchoge, após uma ilustre carreira em pista, conquistou o título olímpico na nova distância, 13 anos depois de se ter tornado campeão mundial dos 5000m, em Paris, quando ainda era júnior. À sua oitava maratona, Kipchoge, que este ano ganhara a corrida de Londres com 2h03m05s, próximo do recorde mundial, somou a sétima vitória, com o tempo mais lento da carreira, e confirma-se com o maratonista mais fiável de há muito a esta parte, e possivelmente o maior expoente da história dos 42.195m.

Esta maratona olímpica, ao contrário da sua versão feminina, foi disputada sob períodos de chuva miúda, mas com a temperatura relativamente alta e muita humidade, com partida do e chegada ao Sambódromo do Rio. Kipchoge esteve sempre no comando da prova, desde o tiro de partida, mas com companhia muito alargada, que incluía a dos representantes das maiores formações presentes, o Quénia, que ainda tinha Stanley Biwott e Wesley Korir, e a Etiópia, com Tesfaye Abera, que viria cedo a desistir, Lemi Berhanu e Feyisa Lilesa. E esteve também sempre no grupo de comando o americano Galen Rupp, recordista dos 10.000m do seu país e companheiro de treinos de Mo Farah, fazendo apenas a sua segunda maratona.

A primeira parte da prova foi algo conservadora, o que não impediu que o longo pelotão fosse paulatinamente fraccionando. A meio passava-se em 1h05m55s, portanto, para um tempo final previsível na casa das 2h11m, mas a segunda metade seria infinitamente mais rápida. Algumas escaramuças foram fazendo cair o lote da frente para sete elementos e depois quatro. Kipchoge ficava na companhia de Berhanu, Lilesa e de Ruup, mas perto dos 34km Berhanu atrasou-se.

Cerca de 2km depois foi a vez de Rupp perder contacto e de seguida Kipchoge perguntou gestualmente ao etíope que restava se não quereria tomar o comando por alguns momentos. Não tendo resposta, meteu prego a fundo e foi-se embora, aumentando sempre a sua vantagem sobre o vizinho do lado até à meta, que atingiu em 2h08m44s, após uma segunda metade em 1h02m49s. Lilesa aguentou o segundo lugar, com 2h09m54s, Rupp o terceiro, com 2h10m05s, recorde pessoal que lhe prenuncia um excelente futuro na distância. Em quarto emergiu o eritreu de 20 anos Ghirmay Ghebreslassie (2h11m04s), o ano passado sagrado inesperado campeão mundial em Pequim.

Os portugueses presentes estiveram sempre na cauda do pelotão e terminaram em posições que definem a crise da maratona masculina nacional. Rui Pedro Silva foi 123.º, com 2h30m52s, Ricardo Ribas 134.º, com 2h38m29s, praticamente a meia-hora da frente.

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