Em Goa algo de novo!

Apostem, amigos indianos, na língua portuguesa. Não para agradar a Portugal. Mas para conhecerem mais o vosso passado.

Segundo o noticiado pelo jornal Indian Express, o líder do partido da oposição indiana, Pratapsinh Rane, exige que as escolas de Goa não ignorem a importância da língua portuguesa, sugerindo que o português seja a segunda língua de ensino daquele estado indiano: "Não devemos ter problema nenhum com esta língua. Eu aprendi português porque os nossos próprios documentos estão na língua portuguesa", disse Rane, em pleno debate no Congresso, acrescentando que "os partidos têm discutido este assunto há mais de quatro anos e meio" e que "devem dar uma conclusão a esta questão". "Sem dúvida, o português deveria ser a segunda língua que os estudantes se propõem a aprender nas escolas goesas. Se uma pessoa quiser conhecer a história deste estado, deveria conhecer esta língua", conclui o líder da oposição.

Ainda segundo a notícia, que teve entretanto algum eco em Portugal: “A língua é um problema indiano: em mais de 28 Estados, que albergam mais de mil milhões de pessoas, há cerca de 400 idiomas e dialectos. Os dois únicos idiomas oficiais, reconhecidos pela administração federal, são o Híndi e o Inglês. O português, apesar de não ser uma língua oficial naquele país, é falado por cerca de cinco milhões de pessoas, designadamente habitantes de Goa, Damão, Diu e em algumas cidades de Guzerate. De momento, no que toca à língua, há grandes conflitos no congresso indiano: uns querem o konkani, a língua materna indiana, e outros querem o inglês. O português ainda é falado em muitas casas goesas, visto que Goa esteve sob o domínio colonial por mais de 450 anos”.

Caso para dizer: finalmente, em Goa algo de novo! Já por diversas vezes antecipámos que, mais cedo ou mais tarde, a Índia irá ter em relação a Goa a lucidez e a inteligência que a China tem tido em relação a Macau – conforme tem sido salientado por algumas pessoas (como o Professor Adriano Moreira), a China tem apostado em Macau e na língua portuguesa como uma ponte para todo o mundo, desde logo para o mundo lusófono. A Índia dá agora sinais de querer fazer o mesmo. Já era tempo: apesar de, segundo o Direito Internacional, ter sido de facto uma invasão o que ocorreu em 1961, ninguém em Portugal, no século XXI, irá reclamar aquele território. Apostem, pois, amigos indianos, sem quaisquer fantasmas (neo-)coloniais, na língua portuguesa. Não para agradar a Portugal. Apenas – razão suficiente – porque essa aposta vos será benéfica: quer para conhecerem mais o vosso passado, quer, sobretudo, para terem um melhor futuro neste mundo cada vez mais globalizado.

Presidente do MIL: Movimento Internacional Lusófono

www.movimentolusofono.org

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