Portugal e Espanha pedem a Bruxelas aumento da quota da sardinha
Governo tinha pedido um aumento das actuais 14 mil para 19 mil toneladas, mas proposta formal feita com Espanha reduziu valor para 17 mil
Portugal e Espanha já apresentaram a Bruxelas um plano conjunto para a pesca sustentável da sardinha que prevê o aumento da quota ibérica das actuais 14 mil toneladas para 17 mil toneladas este ano. A notícia foi avançada nesta terça-feira por Ana Paula Vitorino, ministra do Mar que, citada pela Lusa, indicou que este é um “aumento substancial das capturas possíveis para este ano”.
No início de Junho, Ana Paula Vitorino tinha dito que Portugal pediu a Bruxelas um aumento da actual quota ibérica para 19 mil toneladas, numa altura em que ainda se esperava pelo resultado do relatório do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (CIEM – ICES), uma organização intergovernamental que avalia periodicamente os recursos de pesca.
O novo parecer do ICES já é conhecido e confirma a expectativa de pescadores e Governo de que a sardinha está em recuperação. De acordo com o Ministério do Mar, a biomassa total de sardinha em Dezembro de 2016, anteriormente estimada em cerca de 166.000 toneladas, é agora de 199.264 toneladas" e os valores apresentados para as capturas sofreram "alterações significativas". O resultado “mostra o grande esforço que o sector tem desenvolvido no sentido da gestão sustentável desta pescaria", defende a tutela.
Agora, a posição conjunta de Portugal e Espanha revê em baixa a quota para o resto do ano. Das 17 mil toneladas pedidas, cerca de dois terços serão usadas por Portugal e outro terço por Espanha, “à imagem do que tem sido o histórico”. O plano para a pesca sustentável deverá ser formalizado esta semana e, segundo a Lusa, o Governo espera um parecer da Comissão Europeia “dentro de dias”.
“O ano começou com más notícias, com o parecer do ICES a dizer que poderiam ser capturadas pouco mais de 1.500 toneladas", recordou Ana Paula Vitorino, garantindo que a proposta ibérica garante a preservação da espécie. “Procuramos, de facto, que haja um crescimento sustentável da biomassa da sardinha: fixámos um mínimo de 4% de perspectiva de crescimento da biomassa” e as 17 mil toneladas vão permitir alcançar uma “rota sem grandes flutuações, que são muito prejudiciais em termos sociais e económicos", disse.
As quotas à captura de sardinha não são definidas pela União Europeia: Portugal e Espanha gerem directamente o recurso, baseando-se num plano de gestão traçado em 2012. Este documento inclui limitações à captura anual e implica, por exemplo, que cada embarcação não possa pescar mais de 180 dias. O tamanho mínimo da sardinha é de 11 centímetros e está regulamentado a nível europeu.
Os limites à pesca desta espécie têm o “aval” do ICES, que define o chamado TAC, o total admissível de captura. E é com base nessa recomendação que Bruxelas aceita, depois, as quotas decididas por Portugal e Espanha.
Por cá, a pesca da sardinha tem sido limitada por despachos governamentais que atribuem quotas periódicas para cada organização de produtores. O que está agora em vigor determinou que, entre 1 de Março de 2015 e 31 de Julho deste ano, a quota seja de 6800 toneladas, por exemplo.
De acordo com a ministra do Mar o plano de gestão para este ano fixava um total possível de capturas, entre Portugal e Espanha, de 10 mil toneladas até final de Julho, que ainda não foi atingido. Portugal capturou menos de sete mil toneladas e Espanha mais de duas mil.