Emigrantes lesados do BES com promessa de serem recebidos pelo Presidente da República
Dezenas de emigrantes manifestaram-se nesta sexta-feira junto à embaixada portuguesa, em Paris.
A Associação Movimento dos Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP), que aproveitando as comemorações do 10 de Junho em França promoveu uma manifestação junto à embaixada de Portugal em Paris, recebeu do embaixador português a garantia de que ainda nesta sexta-feira será recebida pelo Presidente da República.
À saída da embaixada, Luís Marques, presidente da AMELP, disse ter recebido a garantia de que vai ser recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, na Câmara Municipal de Paris, um dos locais do programa de comemorações do Dia de Portugal na capital francesa.
O representante dos emigrantes lesados foi recebido pelo embaixador e pelo cônsul de Portugal, enquanto várias dezenas de emigrantes se concentravam junto à Embaixada para reclamar o reembolso das suas economias e gritavam em coro "justiça". Os manifestantes,150 de acordo com a organização e 80 segundo a polícia, reclamam a devolução das suas poupanças, aplicadas em vários produtos do Banco Espírito Santo (BES), entretanto intervencionado pelo Fundo de Resolução, de que resultou a criação do Novo Banco.
Em causa estão, segundo a AMELP, um universo de dois mil emigrantes, boa parte a residir em Paris e os restantes noutros países europeus. O universo de emigrantes lesados chegou a superar os sete mil, com 750 milhões de euros aplicados.
Entretanto, a larga maioria (80%) dos emigrantes aceitou a proposta do Novo Banco, apresentada no ano passado e que deverá permitir a recuperação da quase totalidade das poupanças, em vários anos. A proposta excluiu cerca de uma centena de emigrantes, que subscreveram um produto financeiro que o Novo Banco ainda está a analisar.
Os emigrantes já tiveram uma reunião com o primeiro-ministro, no âmbito de uma visita a Paris. Depois desse encontro, António Costa nomeou o advogado Diogo Lacerda Machado, que foi contratado pelo gabinete do primeiro-ministro para prestar serviços de consultoria em dossiers sensíveis, para as mediar negociações entre a associação e o Novo Banco, com o objectivo de encontrar uma solução.
A AMLP já reuniu duas vezes com o advogado, a última das quais na passada segunda-feira, mas o encontro foi inconclusivo. À saída da reunião, Luís Marques declarou que "há força de vontade da parte do Governo, mas não há do Novo Banco" para que o problema seja resolvido.
Em Paris, vários emigrantes relembram a sua condição de pequenos aforrados, com as poupanças aplicadas em produtos aconselhados pelo BES e apresentados como aplicações sem risco.
Alguns lesados do BES também contam deslocar-se este sábado a Champigny para continuarem o protesto, aquando da inauguração pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro de um monumento de homenagem ao antigo autarca Louis Talamoni, que ajudou os portugueses que viviam nos bairros de lata nos anos 60 e 70. Com Lusa