Mais uma volta no comboio fantasma
O regresso de James Wan ao cinema de género após Velocidade Furiosa 7 é um filme de terror consistente, inteligente, mas sem novidades nem surpresas.
Um alívio, este regresso de James Wan ao filme de género depois da sua passagem pela “primeira divisão” do blockbuster com Velocidade Furiosa 7 : o cineasta australiano nascido na Malásia, que esteve por trás das séries Saw e Insidious, continua a ser exímio construtor de “comboios fantasma” à moda antiga. The Conjuring 2, sequela do êxito de 2013 inspirado nos casos reais dos investigadores paranormais Lorraine e Ed Warren, não deixa esses créditos por mãos alheias, insistindo em ancorar os sustos e os saltos em personagens que transcendem o mero boneco útil, entregues a actores que lhes dão mais espessura do que é normal num simples filme de género (embora, é verdade, Frances O’Connor não faça esquecer Lili Taylor). A “assombração” decorre aqui num subúrbio de Londres em 1977, numa casa habitada por uma mãe separada com quatro filhos, e envolve uma entidade demoníaca que se alimenta dos medos das suas vítimas, apostada em quebrar o conceito de “família feliz” - e a família é, sempre foi, o tema central do cinema de Wan.
Quem é apreciador do seu trabalho extremamente consistente no cinema de terror contemporâneo não encontrará em The Conjuring 2 grandes novidades nem surpresas de maior - e talvez seja precisamente esse o motivo pelo qual o novo filme não nos conquistou por inteiro. É um regresso à “zona de conforto” de Wan, como que a provar que ele não perdeu a mão nem perdeu o gosto, mas é um regresso com o seu quê de mecânico, algo inchado, sem a energia que sentíamos no Conjuring original. Continua a estar aqui algum do melhor cinema fantástico que se faz hoje nos EUA, mas não nos parece que este fique como um dos melhores comboios fantasmas que James Wan já construiu.