Lisboa aposta em hortas nas escolas, para ajudar os legumes a chegar aos pratos
Por enquanto esta "experiência piloto de educação para a sustentabilidade" chega a 11 escolas, mas a câmara quer alargá-la às cerca de 90 que estão sob a sua alçada já no próximo ano lectivo.
Chama-se “Hortas na Escola... Legumes no Prato” o projecto que foi lançado pela Câmara de Lisboa e pela Lisboa E-Nova com o objectivo de dinamizar a criação ou requalificação de hortas escolares e ao mesmo tempo despertar nas crianças o interesse por uma alimentação saudável e por um consumo sustentável.
Neste ano lectivo são 11 as escolas envolvidas naquela que os seus promotores apresentam como “uma experiência piloto de educação para a sustentabilidade”. Além da autarquia e da Agência de Energia e Ambiente de Lisboa (Lisboa E-Nova), a iniciativa envolve as juntas de freguesia de Alvalade, Belém, Carnide, Estrela, Marvila, Olivais e São Domingos de Benfica, um conjunto de agrupamentos escolares e a Missão Continente, que a patrocina.
Para esta experiência piloto houve o cuidado, como explica Diana Henriques, da Lisboa E-Nova, de escolher equipamentos localizados um pouco por toda a cidade. O facto de terem disponíveis terrenos com dimensão e características para a instalação de hortas foi outro critério, juntamente com a “disponibilidade e interesse” manifestados pelos professores.
Segundo a gestora de projecto, em algumas das escolas os espaços dedicados ao uso agrícola foram criados de raiz com este projecto, mas noutras já tinha havido hortas, que com o passar do tempo foram sendo desactivadas.
O “Hortas na Escola... Legumes no Prato” foi apresentado publicamente esta semana na Escola Básica Sarah Afonso, nos Olivais, mas os trabalhos começaram há vários meses, pouco depois do início do ano lectivo de 2015/2016. Desde então realizaram-se trabalhos de arranjo paisagístico para a criação e requalificação das hortas, nas quais foram já plantados, pelo pessoal educativo e pelas crianças, legumes, flores e árvores de fruto.
Diana Henriques adianta que foi também realizado um curso de formação para professores, aos quais foi disponibilizado um manual sobre o tema, e que há uma técnica de horticultura que “circula” pelas dez escolas, dinamizando os trabalhos que aí vão sendo feitos. Um deles, diz, é a promoção de sementeiras de variadas espécies em pequenos copos e o posterior transplante para a terra.
A gestora de projecto dá conta de que esta iniciativa está a ser recebida com grande entusiasmo por toda a comunidade educativa. “Os alunos adoram. O poder pôr as mãos na terra, ver as plantas a crescer...”, diz, contando que numa das escolas envolvidas as crianças fizeram uma sopa com legumes da sua horta e no final da refeição garantiram que “era a melhor que já tinham comido”.
O mesmo diz o vereador da Estrutura Verde da Câmara de Lisboa, que nota que encontrou na Escola Sarah Afonso “professores muito activos” e “miúdos delirantes”. “Ver a satisfação dos miúdos é o mais giro”, diz José Sá Fernandes, frisando o grande gosto com que eles se dedicam à plantação e depois à colheita.
Em paralelo, de acordo com informações da autarquia, está prevista a realização de iniciativas como visitas (por exemplo a quintas e a parques hortícolas) e sessões temáticas em torno do consumo sustentável e da alimentação saudável. Tudo porque, frisa Diana Henriques, além de se pretender que as crianças “aprendam de onde vêm os legumes que comem, qual a sua origem” se ambiciona também alertá-las para as vantagens de uma alimentação saudável e para a necessidade de se combater o desperdício alimentar.
“Aprende-se muito através de uma horta”, constata por sua vez o vereador Sá Fernandes, que sublinha a componente pedagógica deste projecto. Esta iniciativa, resume, “é muito mais” do que criar espaços para a prática hortícola nas escolas.
A expectativa do autarca é que já no próximo ano lectivo seja possível levar o “Hortas na Escola... Legumes no Prato”, que por enquanto envolve um universo total de perto de dois mil alunos, a todos os estabelecimentos de ensino público do 1.º ciclo. Segundo adiantou ao PÚBLICO Sá Fernandes, estão em causa cerca de 90 escolas, das quais apenas duas se verificou não terem condições para a criação de hortas. Mas mesmo essas, garante, não serão esquecidas: não havendo espaço para plantações de dimensão mais significativa, poder-se-á sempre apostar em canteiros.
Há cerca de um ano a câmara lançou uma outra iniciativa na área do combate ao desperdício alimentar, dirigida aos alunos do concelho. Em parceria com a associação DariAcordar e com a Fundação EDP, o município lançou quatro livros infantis sobre o tema. Além de uma história, cada obra tem sugestões de actividades, que podem ser desenvolvidas nas salas de aula e nas bibliotecas escolares.