De tanto desperdiçar comida, a Rita encolheu

A Câmara de Lisboa lançou, em parceria com a DariAcordar e com a Fundação EDP, uma colecção de quatro livros infantis sobre o desperdício alimentar.

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Os quatro livros vão ser distribuídos nas escolas do 1.º ciclo da Câmara de Lisboa Mara Carvalho

A edição de A Rita encolheu. E agora?, A vida difícil de uma manteigueira, Confusão no corredor dos enlatados e O tio desafio é, como explicou a vereadora da Educação, “uma das componentes” do projecto que a autarquia lançou no arranque deste ano lectivo com o objectivo de “educar para uma alimentação saudável”.

Para Graça Fonseca, os livros agora editados, que têm como destinatários os alunos do 1.º ciclo, com idades entre os seis e os dez anos, são um contributo não só para sensibilizar os mais novos para o combate ao desperdício alimentar, mas também para os “pôr a educar os mais velhos”. “Queremos que esta colecção sirva para vocês educarem os vossos pais, e não serem só os vossos pais a educarem-vos a vocês”, afirmou a autarca às muitas crianças que participaram na cerimónia de apresentação, que se realizou esta quarta-feira.

Além da história propriamente dita, cada obra tem sugestões de actividades, que podem ser desenvolvidas nas salas de aula e nas bibliotecas escolares. De acordo com a câmara, cada uma das 646 turmas das escolas do 1.º ciclo da rede pública de Lisboa vai receber cinco exemplares. Para já, não está previsto que a colecção seja colocada à venda no circuito comercial, mas essa é uma possibilidade em aberto para o futuro.

O presidente da associação DariAcordar apelou às crianças presentes no lançamento dos livros para que os leiam e “ajudem a passar a mensagem de que não se pode desperdiçar”. Reconhecendo que o combate ao desperdício alimentar tem ganho “imensa força” e alcançado “resultados”, António Costa Pereira fez questão de sublinhar que é preciso que esta não seja “uma moda”, mas sim “uma atitude que vai permanecer”.

Já a directora de Inovação Social da Fundação EDP defendeu que esta é uma causa que é preciso “levar a sério”. “Para a fundação é um orgulho poder regar esta sementeira”, disse ainda Margarida Pinto Correia.

Os livros agora lançados têm textos de Marta Hugon, Isabel Zambujal, José Luís Peixoto e de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães. Já as ilustrações são de António Jorge Gonçalves, Rodrigo Sousa, Catarina Bakker e Carla Nazareth. António Costa Pereira considerou que foi “um milagre” conseguir juntá-los neste projecto, no qual todos participaram a título pro bono.

Para ilustrar aquilo que esta colecção pretende ser, a vereadora Graça Fonseca escolheu uma passagem da obra “Confusão no corredor dos enlatados”, da autoria de José Luís Peixoto e Catarina Bakker. Nela Mimimi pergunta à sua mãe se é mesmo preciso comprar iogurtes com sabor a algodão-doce. “Já levamos iogurtes de morango e de banana e, lá em casa, temos iogurtes de ananás, coco, ameixa, alperce e tutti frutti”, lembrou a criança, que “tinha investigado o frigorífico antes de sair de casa”.

Outra das iniciativas que a câmara está a preparar do domínio da promoção de uma alimentação saudável vai concretizar-se em Setembro, mês em que está prevista a abertura da escola do Convento do Desagravo. Segundo Graça Fonseca, nesse novo equipamento escolar o modelo das refeições escolares vai ser “radicalmente diferente”: as ementas, preparadas com a ajuda do chef Nuno Queiroz Ribeiro, vão ser preparadas apenas com produtos nacionais, compradas directamente aos produtores. 

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