Justiça argentina vai investigar participação de Macri em offshores

Procurador federal deu seguimento a denúncia apresentada por deputado da oposição contra o Presidente Mauricio Macri, cujo nome figura nos Panama Papers.

Foto
Presidente argentino vai ser investigado pela sua participação em empresas offshores REUTERS/Marcos Brindicci

O Presidente da Argentina, Mauricio Macri, vai ser investigado pela justiça do seu país pelo envolvimento no escândalo dos Panama Papers. O procurador federal Federico Delgado aceitou esta quinta-feira uma denúncia apresentada contra o chefe de Estado no tribunal de Comodoro Py, interposta por um deputado da oposição, e determinou a abertura de um inquérito para apurar a participação financeira de Macri em duas empresas offshore constituídas pela sociedade Mossack Fonseca.

O nome do Presidente argentino figura como director e vice-presidente da sociedade offshore Fleg Trading Ltd, constituída nas Bahamas em 1998 pela empresa de advogados que está no olho do furacão dos Panama Papers. Mauricio Macri também está listado como presidente de uma outra firma, Kagemusha SA, criada em 1981 no Panamá.

Macri não identificou essas participações nas declarações de bens patrimoniais que apresentou enquanto presidente da câmara de Buenos Aires e candidato à presidência do país: numa nota divulgada pela Casa Rosada após a revelação dos documentos, o Presidente afirmou que nunca deteve acções na Fleg Trading Ltd, que pertencia ao seu pai e foi dissolvida em 2009, mas admitiu que “ocasionalmente” serviu como CEO da sociedade.

O inquérito aberto pelo procurador Federico Delgado destina-se a apurar se Mauricio Macri “omitiu informação, de forma maliciosa, na sua declaração de interesses”, que na Argentina é obrigatória para todos os oficiais eleitos. Nesse sentido, requisitou informação às autoridades fiscais e ao departamento anti-corrupção.

Como assinalou o kirchnerista Darío Norman Martínez, autor da queixa contra o Presidente, “todas estas sociedades são constituídas como veículo para o branqueamento de capitais e para a evasão fiscal e outros delitos, e são registadas em paraísos fiscais, como as ilhas Bahamas, para proteger os segredos financeiros dos seus directores e accionistas e ocultar as suas operações”.

Sugerir correcção
Comentar