Catarina Grilo criou cabaz para reduzir desperdício de peixe

Bióloga recebeu menção honrosa do Prémio Terre de Femmes. Cabazes de peixe, com três quilos cada, custam 20 euros e incentivam consumo de produtos de origem local

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Um terço do pescado no cabaz é de espécies menos valorizadas DR

O Cabaz do Peixe, que desde Julho do ano passado funciona em Sesimbra e que está agora também no Seixal e em Palmela, conquistou uma menção honrosa no Prémio Terre de Femmes no valor de 3000 euros. Catarina Grilo, bióloga, de Setúbal, é a eco-cidadã portuguesa premiada nesta categoria. A ideia é importada.

Há cinco anos, então estudante de doutoramento no Canadá, ficou surpreendida com a relação pouco provável entre uma ONG da área do ambiente e um grupo de pescadores que entregava peixe encomendado num ponto de encontro. Decidiu aplicar o sistema em Portugal e, neste momento, são feitos 60 cabazes de peixe, com três quilos cada, por semana que custam 20 euros e que são entregues em dias e locais específicos. E assim envolve-se a comunidade piscatória e disponibiliza-se ao consumidor um produto de origem local a um preço mais reduzido.

Os consumidores não podem escolher o peixe e um terço do pescado no cabaz é de espécies menos valorizadas, que nem sequer vão à lota. “Tudo o que vem à rede é peixe, tudo o que vem à terra é oferecido”, comenta a bióloga para contar que nada do que sai do mar é desaproveitado. “Este projecto permite reduzir o desperdício de peixe, melhorar a eficiência ambiental do pescado, e aproximar pescadores e consumidores, não havendo intermediários”, explica Catarina Grilo, que trabalha na Fundação Gulbenkian na iniciativa Oceanos.

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Projecto funciona em Sesimbra desde Julho do ano passado. Agora chegou também ao Seixal e Palmela DR

Não foi simples implementar o processo em Portugal porque não é permitida a ligação directa entre pescador e consumidor. O peixe tem de ir à lota. A Associação dos Armadores de Pesca Local e Artesanal do Centro e Sul, de Sesimbra, constituiu-se então como comprador na lota, trata das encomendas e organiza os cabazes – e tudo pode ser acompanhado online. Até ter o peixe em cabaz, fizeram-se vários contactos com a Câmara de Sesimbra, a Docapesca, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Governo. Foi apresentada uma candidatura ao Promar, programa operacional da pesca, em 2013. Os resultados saíram em 2014 e no ano seguinte o projecto arrancou. Com o prémio nas mãos, Catarina Grilo pensa expandir o projecto para Lisboa. “O peixe é fresquinho, de uma frescura incomparável, e mais saboroso”, garante.

A 7.ª edição do Prémio Terre de Femmes, da Fundação Yves Rocher, reconhece e recompensa financeiramente mulheres eco-cidadãs de oito países – Portugal, França, Alemanha, Suíça, Rússia, Marrocos, Ucrânia e México. Neste ano, a vencedora foi Inês Rodrigues, que ganhou 10 mil euros. As primeiras classificadas de cada país estão habilitadas ao Grande Prémio Internacional de 10 mil euros - ganho, na última edição, pela bióloga portuguesa Milene Matos – e ao Prémio do público com votação online.

Os projectos candidatos ao Terre de Femmes foram avaliados por um júri nacional e independente constituído por representantes da Liga para a Protecção da Natureza, Quercus, Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território e Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

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