Um jovem empresário criou aquela que garante ser "a primeira marca portuguesa de óculos de sol em bambu", material a que atribui "excelentes propriedades e grande sustentabilidade". Marco Santos pretendia lançar um negócio inovador, procurou "descobrir o que ainda não existia em Portugal" e optou por criar a "Boo", uma linha de óptica solar cujas armações define como "originais e amigas do ambiente".
Nessa escolha teve alguma influência o seu gosto pessoal pelo universo da moda e do design, "até porque é cada vez mais comum os homens também gostarem de acessórios", mas pesaram sobretudo as qualidades físicas e técnicas do bambu — que, como realça o empresário, "não é o mesmo que madeira".
"O bambu é a planta com maior ritmo de crescimento em todo o mundo, tem espécies que chegam a crescer um metro por dia e continua a desenvolver-se mesmo depois de cortado", declara Marco Santos à Lusa. "Além dessa vertente ecológica e sustentável, tem também a vantagem de não empenar como a madeira, não dilata com a humidade, flutua na água e é biodegradável", acrescenta.
Elogiando ainda a relação resistência-peso desse material, o criador da Boo assegura ser incorrecta "a associação mental que algumas pessoas fazem ao pensarem que, por ser muito leve, o bambu também tem que ser muito frágil". "Isso é uma ilusão", observa Marco Santos. "Esta é uma planta muito forte e com uma capacidade de resistência acima da média às condições exteriores como o sol ou a humidade".
Lançada em meados de Dezembro, a marca Boo arranca com seis modelos de óculos unissexo, todos eles de fabrico manual e com lentes polarizadas. Cinco desses modelos têm as armações integralmente em bambu, um outro apresenta-se apenas em madeira e para cada versão há uma média de três cores diferentes disponíveis.
Todas as características dos artigos são definidas em S. João da Madeira — onde o empresário reside —, mas a colecção foi produzida no estrangeiro porque Marco Santos diz ainda não ter descoberto em Portugal um fabricante experiente no tipo específico de tratamento que a óptica em bambu exige. "A óptica implica um processo de fabrico mais difícil do que o mobiliário, por exemplo, porque envolve operações mais minuciosas e delicadas", esclarece o empresário. "Curiosamente, nós temos em Odemira o maior viveiro de bambu da Europa, mas quase não temos indústria nacional que aproveite esses recursos", lamenta.
Em fase de análise do respectivo pedido para registo de patente, a colecção Boo começou por estar disponível ao consumidor apenas no site da marca. Confessando-se "positivamente surpreendido" com a receptividade que o produto motivou logo no primeiro mês, Marco Santos revela que está agora a preparar a entrada da colecção nas lojas da especialidade, no que também já se incluem perspectivas de exportação para França.