Passos Coelho nega ter chamado catavento a Marcelo

Líder do PSD deixou ainda críticas ao Governo PS e confia que pode voltar a ser primeiro-ministro.

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Passos Coelho Daniel Rocha

O líder do PSD negou, em entrevista à Rádio Renascença, ter chamado "catavento" a Marcelo Rebelo de Sousa, recusou fazer da campanha presidencial uma 2.ª volta das legislativas e admitiu que o actual Governo dure uma legislatura.

Quando questionado sobre a recomendação de voto no candidato Marcelo Rebelo de Sousa, a quem teria apelidado de "catavento político", Pedro Passos Coelho desmentiu que tenha feito tal consideração.

“Não é verdade que tenha, rigorosamente, chamado catavento ao doutor Rebelo de Sousa”, respondeu o ex-primeiro-ministro, acrescentando que “não se referia a ninguém em particular” na moção de estratégia que apresentou ao congresso dos sociais-democratas. O problema, acrescentou, esteve “em que foi o próprio professor Rebelo de Sousa que, na altura, achou que aquilo lhe era dirigido”.

O líder do PSD destacou ainda que Marcelo e Cavaco tem personalidades muito diferentes, mas espera que se o candidato da direita for eleito tenha uma actuação parecida com a do actual Presidente: "Não espero que o professor Rebelo de Sousa tenha exactamente a mesma maneira de estar do professor Cavaco Silva. Seria, de resto, muito suspeito que isso acontecesse. Agora, eu creio - pelo menos foram essas as razões que nos levaram a recomendar o voto no doutor Rebelo de Sousa - que ele tem da função presidencial uma noção institucional que não difere, na sua natureza, daquela que tem sido a interpretação do professor Cavaco Silva." 

Passos Coelho explicou também que não se envolve directamente na campanha para Belém porque, se o fizesse, “haveria sempre a tendência para tornar esta eleição presidencial numa espécie de segunda volta das legislativas”.

O ex-primeiro-ministro assegurou ainda que não está incomodado por Marcelo Rebelo de Sousa dizer que fará tudo para que esta legislatura chegue ao fim.

Questionado sobre o facto de ter dito que António Costa não pode contar com o PSD quando o seu voto for necessário para salvar este Governo, esclareceu que quis dizer que, “se o PSD que ganhou as eleições não pôde contar com o apoio do PS, que é o segundo partido em Portugal, para poder governar, seria uma perversão democrática que o segundo partido viesse a fazer uma espécie de chantagem democrática sobre quem ganhou as eleições, que passaria a ter a função de apoiar quem perdeu”. “Ora, isto não faz sentido nenhum”, concluiu.

Passos acusou ainda o Governo de António Costa de não estar a preservar "a confiança dos investidores externos em Portugal", referindo-se à reversão das subconcessões dos transportes públicos de Lisboa e do Porto, "da ameaça velada que foi feita sobre uma eventual nacionalização da TAP": "E a solução que foi adoptada relativamente à capitalização do Novo Banco será paga a preço de ouro pelo sistema financeiro. A solução em si não me parece má, mas não ter dado a possibilidade de converter a dívida em capital significa que todos os fundos que compram obrigações e dívida pública ficam com os dedos escaldados. E assim não tomarão novas obrigações que são emitidas por bancos portugueses", argumentou o líder social-democrata.

Nesta entrevista, Passos disse ainda "que há condições" para voltar a ser primeiro-ministro.