O jubileu da misericórdia que o Papa quer aberto para o mundo
Francisco abriu a Porta Santa da Basílica de São Pedro. Até dia 20, milhões de peregrinos vão receber a "indulgência plenária".
O Papa Francisco abriu esta terça-feira a Porta Santa da Basílica de São Pedro, lançando desta forma "o jubileu da misericórdia" e pedindo aos católicos para continuarem abertos ao mundo.
Francisco empurrou a pesada porta de bronze e pronunciou a fórmula ritual que inaugura há 700 anos os jubileus: "Abre-me as portas da justiça." Mas desta vez, renunciou ao latim, falando em italiano.
Rodeados de fortes medidas de segurança, cerca de 70 mil fiéis, segundo as contas do Vaticano, juntaram-se bem cedo de manhã na Praça de São Pedro, debaixo de uma chuva fina e intermitente.
O Papa de 78 anos, carregando a sua cruz, chegou à praça no final de uma longa procissão de celebrantes, com uma expressão grave e um ar cansado.
A Porta Santa, que normalmente está sempre fechada, foi aberta na presença do Papa emérito Bento XVI, que a atravessou logo depois de Francisco. É a primeira vez na história da Igreja que dois papas se juntam para o lançamento de um Ano Santo.
Depois de Francisco, depois de Bento XVI, um longo desfile de cardeais, bispos, padres, religiosos e religiosas, e laicos dirigiram-se ao túmulo do apóstolo Pedro, o fundador da Igreja. Depois do fim da cerimónia, que se concluiu com a oração do Angelus, foi a vez de os peregrinos atravessarem a Porta Santa, permitindo-lhes receber a "indulgência plenária" para o perdão dos seus pecados.
"Eu quis estar aqui, neste dia, porque se trata de uma mensagem de paz que o jubileu quer enviar neste momento de instabilidade", declarou Maria, um peregrina que viajou da Sicília até Roma.
Concílio Vaticano II
Dirigindo-se a centenas de cardeais, bispos e padres, reunidos à sua volta e também à multidão instalada na Praça de São Pedro, o Papa insistiu na actualidade do Concílio Vaticano II (1962-65). O jubileu da misericórdia foi decidido para comemorar o fim deste concílio há 50 anos, que mudou e modernizou a Igreja Católica. Este concílio, sublinhou Francisco, "foi um verdadeiro encontro com os homens do nosso tempo" de uma "Igreja impulsionada pelo Espírito Santo para superar os obstáculos que a tinham fechado sobre si mesma".
Esta vontade de abertura tem a marca do Papa Francisco, que se lançou numa obra reformadora desde que chegou à liderança da Santa Sé em 2013.
Este Ano Santo, 15 anos depois do jubileu do ano 2000 do Papa João Paulo II, é um Ano Santo "extraordinário" – por comparação aos "ordinários" que têm lugar, em princípio, todos os 25 anos – e reveste-se de uma importância extrema para Jorge Bergoglio, que expressou o desejo de sublinhar a importância da "misericórdia", palavra-chave do seu pontificado. A celebração dura até dia 20 de Novembro.
Pelo menos 21 celebrações estão previstas, com acento em diversos grupos – família, jovens, benévolos, diáconos, padres, doentes e pessoas diminuídas, catequistas, presidiários...
A chegada a Roma de milhões de peregrinos também coloca a questão da segurança neste "primeiro jubileu da era do Estado Islâmico", segundo a expressão das autoridades italianas.
A presença de carabinieri, da polícia e do exército é omnipresente desde sábado no Vaticano, que foi considerado zona vermelha pelas autoridades: ruas fechadas, patrulhas da polícia e do exército e milhares de câmaras de videovigilância instaladas em todo o lado.
No dia 13 de Dezembro, e pela primeira vez, outros Portas Santas vão ser abertas em diferentes catedrais do mundo. O Papa quis inovar e abrir ainda mais a Igreja ao mundo. E já o tinha feito por antecipação, no final de Novembro, abrindo a Porta Santa da Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, sinal de que não quer esquecer as "periferias" do mundo.