A Transnístria é uma região situada entre a Moldávia e a Ucrânia. Declarou, unilateralmente, a sua independência da Moldávia em 1990, com o apoio da Rússia e da Ucrânia. Após a Guerra Civil da Transnístria, a região pôde constituir república, mas o seu estatuto de estado independente continua, passados 25 anos, a não ser reconhecido internacionalmente. O passaporte transnistriano não tem validade jurídica aos olhos de outros estados mundiais — que consideram a Transnístria parte integrante da Moldávia —, o que coloca os cidadãos perante dois cenários: isolamento ou aquisição de uma outra nacionalidade. Segundo o fotógrafo Justin Barton — o autor da série "The Transnistrian Patriot" —, são cada vez mais aqueles que abandonam o país requerendo passaportes russos ou moldavos. "No entanto, muitos permanecem e mantêm um verdadeiro sentimento patriótico." Em entrevista ao P3, o fotógrafo londrino refere o caso de Anastasia. "Numa das imagens é retratada uma jovem que nunca saiu da Transnístria e que não requereu nacionalidade noutro estado (sob a perspectiva das Nações Unidas, ela não tem nacionalidade). Quando lhe pedi para posar para a fotografia, pedi-lhe que tivesse pensamentos patrióticos. Respondeu-me que não poderia porque tinha a certeza de que começaria a chorar de emoção e amor por Transnístria." A relação do pequeno estado com os países vizinhos é complexa. "Embora protegidos por tropas russas, os transnistrianos não consideram a Rússia a sua terra-mãe e sentem que a Ucrânia já não encara o seu separatismo com a mesma abertura de antigamente. Eles não ressentem o não-reconhecimento do seu estatuto por parte de países ocidentais porque já o esperavam. Eles rejeitam qualquer influência ocidental." O trabalho de Barton é centrado em questões relacionadas com história pessoal e herança cultural e, pela terceira vez, foi premiado pela International Photography Awards, na categoria de retrato. Ana Marques Maia