Passos Coelho promete diálogo com todos e combate às "ilusões políticas"

No discurso da tomada de posse, o primeiro-ministro advertiu para o risco de se deitar fora o esforço dos portugueses em nome de "ambições políticas pessoais".

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Passos Coelho anunciou que os cortes do 13º e 14º meses irão durar mais do que estava previsto Foto: Miguel Manso

O recém-empossado primeiro-ministro, Passos Coelho, afirmou a intenção de reforçar o compromisso e a negociação com “todas as forças políticas”. Mas deixou um aviso à oposição para não pôr em causa o “bem-estar dos portugueses” em nome de “ambições políticas pessoais”.

Com um governo de maioria relativa, Passos Coelho lembrou que no executivo anterior esteve em negociações com os parceiros europeus, num processo “intenso e difícil” que agora tem de ser reforçado. “Mesmo nestes tempos praticámos o diálogo e o compromisso. Esse sentido do compromisso e da negociação será agora renovado e fortalecido, e o meu apelo ao espírito de cooperação e de construção de entendimentos estende-se a todas as forças políticas, cívicas e sociais”, afirmou.

Com um discurso em que enumerou alguns dos resultados conseguidos pelo anterior Governo PSD-CDS – “caminho do crescimento”, “recuperação da credibilidade externa” e “resultados na esfera social” –, Passos Coelho sublinhou o “esforço dos portugueses” que não se podem “desrespeitar”. E que podem ser colocados em perigo pelos “desvios precipitados”. Seria “mais uma vez a classe média a pagar o preço”, referiu, deixando uma garantia: “Enquanto primeiro-ministro não permitirei que volte a acontecer.”

Reiterando que o Governo agora empossado deve “mostrar abertura ao compromisso leal e responsável”, o primeiro-ministro reafirmou o cumprimento das obrigações internacionais, nomeadamente as que decorrem da participação na União Europeia e zona euro.

“Esta é uma condição indispensável para assegurar o nosso futuro comum com estabilidade e previsibilidade, com mais emprego e mais justiça social”, afirmou. E deixou um aviso ao PS, BE, PCP e PEV: “Não há ilusão política que possa disfarçar este imperativo, e ninguém deve arriscar o bem-estar dos portugueses em nome de uma agenda ideológica ou de ambições políticas pessoais ou partidárias.”

Mesmo com o risco de este Governo poder não durar mais de 11 dias, Passos Coelho fez um discurso com um horizonte temporal mais alargado. E definiu duas prioridades: o combate às desigualdades sociais e impulsionar a modernização administrativa. Nesta matéria – que terá um ministério autónomo – Passos Coelho definiu dois eixos de acção: “desburocratizar e descentralizar”.

Relativamente à área social, o chefe de governo assinalou o combate às “assimetrias sociais e territoriais muitas vezes gritantes que durante décadas se agravaram em Portugal", bem como a “continuação do combate às desigualdades resultantes de privilégios injustificáveis”.

No final do discurso, o líder da coligação PSD-CDS definiu para os membros do Governo uma “política positiva que contraria o medo com a esperança e o cinismo com o trabalho dedicado ao serviço de todos os portugueses”. E deixou mais um aviso à oposição: “Combateremos a demagogia com o realismo, a política negativa com a mobilização para um Portugal mais livre, mais próspero e mais solidário.”

O discurso de Passos na íntegra

 

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