Vigílias de solidariedade com detidos não são permitidas em Luanda

Polícia voltou a interromper concentração e fez detenções na segunda-feira à noite, junto à Igreja de São Domingos, em Luanda.

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Os detidos por suspeita de tentarem fazer golpe de Estado DR

A página do Facebook do grupo Liberdade aos Presos Políticos em Angola informou que a iluminação pública foi desligada e polícias escondidos no escuro apanharam e levaram consigo algumas pessoas que tinham respondido ao apelo para assistirem à missa em solidariedade com Luaty Beirão, em greve de fome desde a meia-noite de 21 de Setembro, e com os outros 14 jovens detidos desde Junho.

Foram detidos Adolfo Campos, Baixa de Cassange, Mário Faustino e dois outros jovens. Mas uma hora depois tinham já sido soltos, segundo informações de outros activistas divulgadas na rede social. Um correspondente da AFP noticiou que foram detidas duas dezenas de pessoas, mas não foi possível confirmar essa informação. No local concentraram-se mais de uma centena de pessoas.

Na véspera, domingo, na quarta vigília organizada em Luanda nos últimos dias, em solidariedade com os detidos, dezenas de polícias da Força de Intervenção Rápida cercaram a Igreja da Sagrada Família. Familiares, amigos e cidadãos solidários, entre os quais crianças e idosos, foram impedidos de prosseguir quando, ainda durante a missa, polícias armados se posicionaram em volta do largo, alguns com cães, fechando as vias em redor.

Luaty Beirão inicia o 23º dia de greve de fome à meia-noite desta terça-feira e a família tem denunciado que corre “risco de vida” – uma preocupação desvalorizada pelas autorizadas angolanas, segundo as quais está a receber acompanhamento médico na prisão-hospital de São Paulo, para onde foi transferido da cadeia de Calomboloca, na sexta-feira.

Nelson Dibango, outro dos detidos, iniciou no passado dia 9 de Outubro um protesto semelhante. Três outros iniciaram greve de fome que entretanto interromperam na mesma altura que Luaty Beirão.

Para esta quarta-feira foi convocada um concentração e vigília em Lisboa, à qual se associou a Amnistia Internacional, que já recolheu mais de 24 mil assinaturas em Portugal para uma petição a favor da libertação dos 15 activistas. A concentração foi marcada para 17h30 no Largo Jean Monnet e prossegue com vigília no Rossio, a partir das 18h30.

O jornalista e activista Rafael Marques, que em Maio foi condenado a uma pena de seis meses de prisão com suspensa por dois anos, pela publicação do livro Diamantes de Sangue, Corrupção e Tortura em Angola, onde são descritos casos de violação de direitos humanos na região das Lundas, participa na vigília de Lisboa.

Embaixadores da União Europeia em Luanda, entre eles o representante de Portugal, têm um encontro previsto com o ministro angolano da Justiça, Rui Mangueira.

 

 

 

 

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