Castro e Obama reuniram-se em Nova Iorque com o embargo na agenda

Na Assembleia-Geral da ONU, os dois líderes disseram ser a favor do levantamento do embargo a Cuba. Mas há obstáculos no caminho dessa decisão.

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Castro e Obama em ambinete de boa disposição Kevin Lamarque/Reuters

Foi o que disseram nas intervenções que fizeram, na segunda-feira, na sessão de abertura da 70.ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Receberam grandes ovações, mas há pormenores que ainda os separam, como também ficou claro nos discursos. A compovar o clima de reconciliação entre Washington e Havana, Obama e Castro trocaram sorrisos e boa disposição antes da início da reunião biliateral.

O retomar das relações entre os dois países vizinhos começou a concretizar-se este ano com a reabertura de embaixadas e com a eliminação do nome de Cuba da lista americana de países que patrocinam o terrorismo. Mas Raúl Castro, como já tinha feito anteriormente, disse que a normalização das relações só acontecerá "com o fim do embargo económico, comercial e financeiro" contra Cuba em vigor desde 1960.

Na sua primeira intervenção na Assembleia-Geral desde que sucedeu ao irmão Fidel na presidência, em 2006, Raúl Castro defendeu que, do processo Cuba-EUA constam outros items: Guantánamo, por exemplo.

"Depois de 56 anos de heróica e abnegada resistência do nosso povo, ficaram restabelecidas as relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos da América", disse o Presidente cubano. "Agora inicia-se um longo e complexo processo com vista à normalização das relações, que se alcançará quando se ponha fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro, se devolva a Cuba o território ocupado ilegalmente pela Base Naval de Guantánamo, cessem as transmissões radiofónicas e televisivas e os programas de subversão e destabilização contra a ilha, e se compense o nosso povo pelos danos humanos e económicos que ainda sofre".

Barack Obama voltou a dizer ser a favor do fim do embargo contra Cuba, um embargo que "nunca devia ter existido". E disse estar confiante de que o Congresso, de maioria republicana (oposição) votará a favor do seu levantamento "em breve".

Porém, também criticou o sistema político do país vizinho, ao dizer que a política cubana "não conseguiu melhorar a vida do povo cubano", e frisou que há questões de direitos humanos que ainda minam as relações entre Washington e Havana. Não especificou quais, noutras ocasiões Obama considerou que não há "liberdade política" em Cuba. Mas em Nova Iorque sugeriu uma mudança de atitude na abordagem dos temas:  “Continuaremos a defender os direitos humanos. Mas vamos fazê-lo através das relações diplomáticas e dos laços entre os povos".

"A mudança não chegará a Cuba da noite para o dia, mas estou certo de que é a abertura, não a coerção, que apoiará as reformas e que dará aos cubanos a vida melhor que merecem, assim como estou certo de que Cuba terá êxito se procurar a cooperação com as outras nações", disse Obama.

O encontro entre os dois líderes — o segundo, depois da reunião histórica de Abril, no Panamá; a Casa Branca anunciou que Obama pode ir a Cuba em 2016 — aconteceu à margem da Assembleia-Geral. Este corpo da ONU irá votar em Outubro mais uma resolução a favor do fim do embargo; desde 1982 que uma resolução nesse sentido é aprovada todos os anos em Nova Iorque.

 

 

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