China contribuiu com um quinto dos 40 mil novos capacetes azuis

ONU recebe promessa de mais meios e mais militares para reforçar uma estrutura no limite das suas capacidades.

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A ONU tem missões de manutenção de paz em 16 países Issouf Sanogo/AFP

“O nosso objectivo deve ser tornar cada nova missão mais eficiente e eficaz do que a anterior”, disse o Presidente norte-americano, Barack Obama, impulsionador da iniciativa para reforçar, com homens e meios, as operações de manutenção de paz das Nações Unidas, afirmando que a estrutura existente – 125 mil militares espalhados por 16 missões em alguns dos países mais instáveis do mundo – “já não consegue responder às necessidades crescentes”.

Para superar carências, mas também para garantir uma melhor repartição de esforços, 50 países reuniram-se segunda-feira à margem da Assembleia Geral e anunciaram um reforço da sua participação nas missões de paz. A par da China, o maior contributo foi dado pela Colômbia – até aqui ausente destas operações, o país disponibilizou cinco mil soldados, destacando a experiência obtida do seu Exército no combate contra a guerrilha das FARC.

Alguns dos países que mais capacetes azuis têm no terreno, caso do Bangladesh e da Índia, voltaram a prometer mais homens, ao passo que os europeus foram mais contidos, comprometendo-se sobretudo com o envio de meios. Segundo a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, além dos 40 mil soldados, a ONU recebeu a promessa de mais 40 helicópteros – um dos equipamentos mais em falta em algumas missões –, 15 companhias de engenharia militar e dez hospitais de campanha.

O principal anúncio veio, contudo, da China. O país tem já três mil soldados e polícias ao serviço da ONU, um número que Pequim sublinha ser superior ao conjunto dos restantes quatro membros permanentes do Conselho de Segurança. E com o anúncio feito segunda-feira passará a ser um dos principais intervenientes nas forças de manutenção de paz da ONU.

O Presidente Xi Jinping revelou que os capacetes azuis chineses vão integrar uma força de reserva que terá capacidade para ser mobilizada rapidamente para qualquer missão. O país pretende também “liderar a criação de um esquadrão de polícia permanente” ao serviço da ONU e compromete-se a financiar ao longo dos próximos cinco anos em 100 milhões de dólares a força de reacção rápida que será criada no âmbito da União Africana.

A China é o principal parceiro comercial de África, pelo que a estabilidade do continente é uma prioridade da sua acção externa – é no Sudão do Sul que está o maior contingente de capacetes azuis chineses. Este maior envolvimento revela também que a China de Xi está empenhada em mostra-se ao mundo como um actor responsável e influente, contrariando os que temem o seu crescente poderio militar, e em simultâneo dotar as suas forças de uma maior experiência internacional. “Querem claramente criar um Exército mais internacional que lhes permita operar em ambientes mais desafiadores”, disse à Reuters Douglas Paal, director para os assuntos asiáticos do Carnegie Endowment for International Peace.

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