Uma t-shirt, umas calças de ganga e uns sapatos, toalhitas, uma fralda e produtos de higiene, dois pequenos pacotes de leite e alguns biscoitos, documentos pessoais e dinheiro. Isto é tudo o que resta a uma família de 31 — sete mulheres, quatro homens e 20 crianças que perderam tudo. Quando deixaram a Síria, ao som das bombas, cada membro carregava duas malas. O barco no qual viajaram para a Grécia afundou-se — não lhes roubou as vidas, mas esvaziou-os de esperança: "Espero que a morte chegue. Esta vida já não vale a pena. Todos nos fecham a porta na cara, não há futuro." Neste ano, cerca de 100 mil homens, mulheres e crianças fugiram à guerra dos seus países e viajaram em barcos de borracha rumo a uma esperança chamada Europa. Na ilha grega Lesbos, Tyler Jump, do International Rescue Committee, pediu a uma mãe, uma criança, um adolescente, um farmacêutico, um artista e uma família que lhe mostrassem o que levavam nas malas. E mais do que aquilo que eles carregam, vemos o tudo que deixaram para trás: uma casa, um país, uma vida. Como fez Aboessa. Quando a violência se tornou insuportável em Yarmouk, um campo não oficial para os palestinianos, fugiu com o marido e a filha de 10 meses. Atravessaram a fronteira para a Turquia e apanharam um barco rumo à Europa. O que sobra na mala depois da viagem é o essencial para "proteger a filha contra a doença", contou à associação que ajuda refugiados em diversos países. "Quando chegamos à Grécia, um homem gentil deu-me dois frascos de comida para a minha filha. Outro deu-me biscoitos e água quando viu o bebé." A série "What's in my bag?" é uma viagem por viagens perigosas e desgastantes. Desumanas. Para fugir à guerra, estas pessoas "passam fome, são mal-tratadas, detidas, alvejadas". Depois, lê-se na página do projecto, "são exploradas por contrabandistas que lhes prometem segurança e as espremem como sardinhas em pequenos barcos". O futuro é apenas uma réstia de esperança. M.C.P.