Standard & Poor's coloca rating do Brasil ao nível de “lixo”
Agência admite novos cortes, o que agravará o carácter especulativo da dívida brasileira.
A decisão da agência norte-americana sustenta a decisão no fraco desempenho da economia brasileira e na incapacidade que o Governo da Presidente Dilma Rousseff para controlar as contas públicas e ainda pôr fim à turbulência política que se vive no país.
"Estamos a reduzir os ratings a longo prazo em moeda estrangeira e local sobre o Brasil para BB+ e BBB-, respectivamente", refere a agência, em comunicado divulgado esta quarta-feira.
As perspectivas futuras, o chamado outlook, são negativas, o que significa que há probabilidades de a agência voltar a fazer mais cortes de rating, agravando o carácter especulativo da dívida brasileira, o que terá como consequência o agravando o custo de novas emissões de dívida do país.
A S&P sustenta que a perspectiva negativa reflecte a sua convicção de que a possibilidade de descer de novo a notação brasileira é superior a um terço, em face da evolução negativa de alguns indicadores económicos.
A S&P tinha subido a classificação da dívida soberana do país à categoria de investimento em Abril de 2008.
Na base da decisão da S&P está, entre outras razões, a entrada da economia brasileira em recessão no segundo trimestre do corrente ano.
Depois de cair 0,7% nos três primeiros meses do ano em relação ao último trimestre de 2014, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 1,9% em cadeia. Na comparação homóloga (com o segundo trimestre de 2014), a queda é mais expressiva, de 2,6%.
A queda acentuada do investimento e do consumo, num ambiente de instabilidade política, empurraram a actividade económica do país para o pior desempenho desde o primeiro trimestre de 2009, de acordo com números recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).