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Alimentos de laboratório, pessoas reais

Lucas Techeira,
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Lucas Techeira,

O fotógrafo argentino Pablo Piovano considera absolutamente necessário falar do assunto. "Trata-se de um genocídio silencioso", disse ao P3 em entrevista (que pode ser lida integralmente aqui). "Quando tomei conhecimento dos números aterradores do custo humano decidi, de modo independente, sair e documentar o impacto dos agrotóxicos na saúde dos trabalhadores rurais [da Argentina]. Em viagem percorri seis mil quilómetros. Custa crer que boa parte dos alimentos que estão na nossa mesa diariamente sejam criados num laboratório e fumigados com químicos altamente tóxicos. Há quase 20 anos que brincamos com os transgénicos e com um autêntico cocktail de agrotóxicos. Nos rios e na terra, estamos a falar de 200 milhões de litros por ano."

O glifosato e o 2.4D são herbicidas de uso corrente na Argentina e fazem também parte da fórmula química do histórico Agente Laranja — cujas consequências são ainda visíveis. Nas zonas rurais que o fotógrafo visitou, a incidência de cancro é três vezes superior à média nacional. A Rede de Médicos de Povos Fumigados, uma organização independente que realiza estudos sobre o fenómeno, aponta para 13,4 milhões de pessoas afectadas pelo contacto com os agrotóxicos, quase um terço da população argentina. "Em algumas povoações e em menos de uma década, os casos de cancro infantil triplicaram e houve um crescimento de 400% do número de abortos espontâneos e de malformações em recém-nascidos." No vídeo do projecto O Custo Humano dos Agrotóxicos podem ser vistas mais imagens e ouvidos os testemunhos das vítimas. Ana Marques Maia

Leonardo Lorenzo sofre de paralisia cerebral e epilepsia em resultado de fumigações
Talía Belén Soroco tem malformação congénita. Deficiência motor grave
Marta Elsa Cian usa máscara todos os dias para sair de casa onde as pulverizações são diárias
Os gémeos Aldo e Maximiliano Barrios nasceram com microcefalia
Marcos Alejandro Kaddaztz trabalhava sofeu de leucemia aos 10 anos de idade
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Jesica Sheffer sofre de uma malformação nos tendões que a impede de levantar-se
Andrea Gotin (atrás) faz diálise três vezes por semana. O seu irmão sofre de deficiência grave
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A mãe de Fabián Piris trabalhava numa plantação de tabaco no momento da sua gestação
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