Fotografia
Num asilo psiquiátrico é fácil enlouquecer
Contém imagens potencialmente chocantes.
As imagens da série "Butterflies", realizadas por Scott Typaldos, são fruto de quatro anos de incursões em instituições psiquiátricas em dois ambientes totalmente díspares: em 2011 desenvolveu este tema no Gana e Togo (Capítulo I) e, nos anos ulteriores, no Kosovo (Capítulos II e III). Entre os dois pontos geográficos encontrou diferenças ao nível burocrático, ao nível das condições logísticas, médicas e de tratamento humanizado do doente, mas sobretudo no que concerne a própria definição e identificação daquilo que é a doença mental. O fotógrafo suiço descreve, em entrevista ao P3, que, no Gana, “o que consideram tratar-se de doença mental não é mais do que um desrespeito pelas regras socialmente instituídas".
"Por vezes basta algo tão simples como alguém não querer ir à igreja ou fumar cigarros” Scott Typaldos, no entanto, recusa a etiqueta de "fotógrafo humanitário". "O problema", diz, "é que as pessoas querem posicionar-me à força como fotógrafo humanitário. Eu não acho que o seja. Não quero salvar o mundo, não quero salvar o planeta, sou muito cínico em relação a muita coisa..." O fotógrafo afirma sentir-se bem dentro de instituições psiquiátricas. "Não tens de lidar com toda a falsidade que faz com que a vida pareça irreal. Na vida quotidiana ninguém parece ser quem realmente é." O projecto "Butterflies" — o capítulo terceiro — foi vencedor do primeiro prémio na categoria de "Contemporary Issues" do Sony Awards, algo que para o autor não faz sentido. "Não vejo o tema da doença psiquiátrica como um assunto contemporâneo. Por esse motivo também utilizei preto e branco." Scott Typaldos pertence à agência de fotografia documental Prospekt Photographers. Ana Maia