"O Projecto Cor-de-rosa e Azul" ("The Pink and Blue Project"), da fotógrafa sul coreana JeongMee Yoon, estabelece uma relação entre género/identidade de género na infância e padrões de consumo. Actualmente, a cor azul é associada ao sexo masculino e o cor-de-rosa ao feminino, mas o fenómeno é recente (data de meados do século XX) e surge por imposição da indústria norte-americana. Ganha força nos anos 80 com a possibilidade de previsão do sexo do bebé mesmo antes do seu nascimento, através da possibilidade de antecipação da compra dos produtos em conformidade com o sexo da criança. O projecto nasceu a partir da obsessão da filha da autora (que tem cinco anos) pelo cor-de-rosa: desejava vestir exclusivamente roupa cor-de-rosa e adquirir objectos dessa cor. "Descobri que o caso da minha filha não era incomum. Nos Estados Unidos, na Coreia do Sul e em muitos outros lugares, as meninas adoram roupas, acessórios e brinquedos cor-de-rosa. Este fenómeno abrange crianças de várias culturas e etnias. Talvez seja a influência dos anúncios publicitários dirigidos às meninas e aos seus pais, como os da Barbie ou da Hello Kitty, que tenha imposto esta tendência. As raparigas são treinadas, inconsciente e subconscientemente, a utilizar essa cor como afirmação de feminilidade." disse a fotógrafa em entrevista ao P3. "Os objectos de beleza e relacionados com confecção alimentar que inundam os meus retratos de meninas revelam uma penetrante e manipuladora intenção de 'feminilidade' e desejo de serem vistas." A autora refere que "a maioria dos brinquedos e livros destinados a rapazes são feitos de diferentes tons de azul e estão relacionados com robots, indústria, ciência, dinossauros, etc." Este projecto levanta indirectamente questões relacionadas com a educação para o comportamento de género, com o poder dos meios de comunicação social, nomeadamente da publicidade, para a criação de padrões comportamentais, com a vulnerabilidade das crianças e dos adultos face às mensagens ou imposições de um mercado de consumo massificado.