Metro vai ter elevador até à superfície no Chiado mas já não será na Rua Ivens

Transportadora vai vender o prédio que comprou há quase 20 anos para instalar o ascensor. Este irá para as Escadinhas do Espírito Santo, uma solução mais barata.

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O metro comprou, em 1996, um prédio na Rua Ivens para aí pôr o elevador, tendo estado desde aí devoluto João Silva

A estação Baixa-Chiado é uma das mais movimentadas e a mais profunda de toda a rede, localizada 45 metros abaixo da superfície. Nas duas saídas existem, no total, 12 lanços de escadas rolantes, que avariam com frequência durante longos períodos de tempo. Só em 2010, por exemplo, houve 144 avarias.

Numa das saídas foi instalada em 2012 uma plataforma elevatória, para cadeiras de rodas ou carrinhos de bebé, que desde o início tem sido alvo de “trabalhos de correcção” e nesta quarta-feira “ainda” não estava operacional, segundo o serviço de atendimento ao cliente.

Segundo a informação disponível no site da empresa, a rede actual, que inclui 55 estações, tem 209 escadas mecânicas, dez tapetes rolantes e 95 elevadores — porém, nem todos dão acesso à rua. São 30 as estações com “acessibilidade plena” a clientes com mobilidade reduzida, mas a da Baixa-Chiado ainda não é uma delas.

O elevador de acesso desde o átrio até à superfície está previsto desde a abertura da estação, em 1998. A pensar nisso, a empresa comprou em 1996 o edifício de seis pisos nos números 30 a 34 da Rua Ivens, para ali instalar uma boca de metro com elevador. No entanto, nunca chegou a avançar com o projecto, para o qual não é conhecido o montante de investimento necessário.

Agora, passados quase 20 anos — durante os quais o prédio esteve devoluto e com tapumes — a transportadora encontrou “uma solução alternativa” e “menos onerosa” noutro local, ao lado do edifício dos Armazéns do Chiado. “O ascensor da estação Baixa-Chiado será instalado nas Escadinhas do Espírito Santo que ligam a Rua do Crucifixo à Rua Nova do Almada”, esclarece, através da assessoria de imprensa, sem avançar uma data para a concretização.

Tendo em conta esta decisão, a empresa vai vender o imóvel da Rua Ivens, através de um leilão electrónico. O objectivo é “salvaguardar a defesa do interesse público optimizando o património de que [o Metro] dispõe”, explica, em resposta por escrito.

Proposta mais alta vence
O prédio, de 1988, tem uma área total de construção de 1098 metros quadrados e está destinado a habitação do segundo ao quinto piso. O rés-do-chão e o primeiro andar, destinados a comércio, albergaram durante vários anos a Casa Quintão, uma loja de "móveis modernos, do mais fino gosto, e de ricos tapetes persas, de Arraiolos e de Beiriz", como escreveu o extinto Diário de Lisboa.

O valor da aquisição do prédio em 1996, bem com o das indemnizações pagas aos inquilinos e à loja de tapetes, não são conhecidos. Contactada esta semana pelo PÚBLICO, a empresa argumenta que entende “não ser oportuno prestar qualquer esclarecimento a esse respeito”, por estar a decorrer o leilão. Quem quiser comprar o imóvel tem de pagar, pelo menos 2,05 milhões de euros. As propostas abaixo deste valor não serão consideradas, até porque o factor preço é o único a pesar na seleccão do comprador.

Não interessa por isso o uso que será dado ao imóvel, inserido numa das zonas mais luxosas e caras da capital. Para o segmento comercial, a renda mensal varia entre os 50 e 90 euros por metro quadrado. O preço médio de venda para habitação chega aos 3529 euros, segundo um estudo recente da consultora imobiliária Cushman & Wakefield.

O leilão decorrerá, em inglês, na plataforma Mercado Electrônico, numa data a definir, e apenas serão consideradas as 15 propostas de preço mais alto. Os interessados podem visitar o prédio a partir desta quinta-feira, durante uma semana, e enviar as propostas até às 23h59 de 30 de Janeiro para o email imovelruaivens@metrolisboa.pt. No site do Metro podem ser consultados todos os dados sobre o prédio, incluindo a caderneta predial e a planta.


 

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