O Wool — Festival de Arte Urbana da Covilhã regressou às origens em formato de residência artística. Às suas costas levou o debate da "regeneração e reabilitação de áreas da cidade algo degradadas, envelhecidas e igualmente esquecidas". "Pretende ser um tributo à Covilhã. Agitou bastante o seu centro envelhecido", sublinhou ao P3, Lara Seixo Rodrigues, organizadora do evento, que contou com cinco visitas guiadas (uma delas realizada com um intérprete de Língua Gestual) ao passado e ao presente do festival. Em contacto com os espaços, a população e os seus costumes estiveram quatro artistas (mais um). Add Fuel juntou a azulejaria portuguesa aos desenhos que são inseridos nos teares locais para a criação da peça "Oddments". Bordalo II transformou um amontoado de lixo e de sucata num enorme mocho ("Owl eyes"), que sendo símbolo de sabedoria e cultura, apela ao investimento naquela área central e histórica da cidade. Mr. Dheo ("Portugal pelas costuras") deixou numa empena no centro histórico a sua reinterpretação de uma pintura clássica francesa, uma jovem que costura um pano, que o artista trocou pela bandeira portuguesa — uma homenagem às costureiras e cerzideiras locais e simultaneamente, uma mensagem sobre o estado actual do país. Tamara Alves pintou uma figura feminina que borda o seu próprio vestido ("Wild orphan"), simbolizando um alerta para a morte lenta da renda de bilros, um património secular. O artista extra deste Wool foi Miguel ±MAISMENOS± Januário, que no percurso entre o Porto e a Covilhã pagou 15 euros de scuts ("±PAPA $CTUS±"). ±MAISMENOS± deixou outras marcas na Covilhã ("±Oi?±", que durou pouco tempo na rede das instalações do Data Center da Portugal Telecom, "±GASTOS±" e "±COVILhã±"). "Há imensas paredes para trabalharmos no futuro", assegura Lara, que convida as pessoas a visitarem a Covilhã para descobrirem o Wool ruela a ruela, quelha a quelha. A exposição "Wool On Residence" apresenta-se no dia 7 de Novembro (até 22 do mesmo mês), no LXFactory, em Lisboa.