Ébola que já matou quase 3400 pessoas na África Ocidental inquieta os EUA

Pelo menos 100 pessoas terão tido contacto, directo ou indirecto, com homem que está internado em Dalas.

Foto
Trabalhadoras do sector da saúde em formação, em Freetown, para apoio a infectados Umaru Fofana/REUTERS

O último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), que tem em conta as ocorrências até ao último domingo, 28 de Setembro, quantifica em 47% o número de mortos no universo de 7178 infectados registados em cinco países africanos.

Nos Estados Unidos, onde esta semana, em Dalas, foi diagnosticado o primeiro caso de ébola fora do continente africano, as autoridades de saúde informaram que cerca de 100 pessoas tiveram contacto, directo ou indirecto, com o homem infectado, mas nenhuma apresenta sintomas.

A maior parte dos casos fatais de ébola ocorreram na Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri. Na Libéria, o país mais afectado – 1998 mortos em 3698 casos – cinco pessoas são infectadas a cada hora que passa, segundo a organização Save the Children. Na Guiné-Conacri o número oficial de mortos chegou aos 710 e na Serra Leoa aos 622.

A Presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, disse, na quarta-feira, citada pela AFP, que a epidemia dá sinais de “estabilização” e que há uma “diminuição do número de pessoas que se apresentam nos centros de saúde”. Mas o optimismo de Sirleaf não tem confirmação nas informações da OMS, segundo a qual a epidemia está a ter um crescimento “explosivo” e poderá contaminar 20 mil pessoas até Novembro na África Ocidental. Em alguns surtos anteriores a mortalidade rondou os 90% dos infectados.

A organização de saúde confirmou que o número de novos casos diminuiu, pela segunda semana consecutiva, mas alerta que não há razões para optimismos porque o número real será inferior ao registado e não há sinais de que a epidemia – que começou em Março, numa zona remota da Guiné-Conacri – esteja sob controlo. Há vários tratamentos em fase experimental, mas as autoridades médicas ainda não validaram nenhum deles.

Nos Estados Unidos, depois de ter sido confirmado o primeiro caso de infecção, as autoridades de saúde apelaram aos hospitais para que aprendam com o exemplo de Dalas, prestando atenção aos sinais de doença e ao histórico de viagens dos pacientes.

“Infelizmente isso não aconteceu neste caso”, disse Anthony Fauci, presidente do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, numa entrevista ao canal de televisão MSNBC.

Depois de ter procurado ajuda no Texas Health Presbyterian Hospital, no dia 25 de Setembro, o doente, um cidadão liberiano, chegado cinco dias antes ao Texas sem sintomas, foi mandado para casa, com uma receita de antibióticos, apesar de ter dito que tinha estado recentemente no país de origem. No domingo, teve de ser chamada uma ambulância para o levar ao hospital. Está em estado grave.

O New York Times escreveu que, na Libéria, o homem ajudou a transportar para o hospital – e a levá-la de volta a casa, por falta de espaço – uma mulher que sofria de ébola e veio a morrer.

As autoridades texanas estão agora a procurar localizar todas as pessoas que estiveram em contacto com o infectado. Entre elas há “crianças em idade escolar”, disse o governador, Rick Perry.

Os serviços de saúde informaram que 12 a 18 pessoas estiveram directamente em contacto com o paciente e que cerca de oito dezenas de outras contactaram com aquelas. Erikka Neroes, porta-voz dos serviços de saúde de Dallas, citada pela Reuters, disse que nenhuma apresenta sintomas.

Os sintomas do ébola aparecem normalmente entre dois a 21 dias após a infecção, o que leva a que muitos doentes não sejam detectados até que os sintomas surjam – dor de cabeça, febre, vómitos diarreia e perda de sangue. O vírus só se transmite pelo contacto directo com fluidos contaminados, como o sangue ou a saliva. Não é transmitido por via aérea, ao contrário do que acontece, por exemplo, com a gripe.
 

   

Sugerir correcção
Comentar