Homem infectado com ébola nos Estados Unidos em estado grave

Homem internado no Texas tinha viajado da Libéria a 19 de Setembro. Autoridades dizem que uma pessoa próxima do doente poderá ter sido infectada.

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O vírus não se transmite por ar REUTERS/Frederick Murphy/CDC

Tudo indica que este é o primeiro caso desta febre hemorrágica diagnosticado nos Estados Unidos e também fora de África. “Penso que é o primeiro caso diagnosticado fora de África”, disse Tom Frieden, director do Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês) dos EUA, em conferência de imprensa dada na terça-feira, revelando que o homem infectado esteve na Libéria, de onde viajou a 19 de Setembro para o Texas, sem qualquer sintoma da doença.

Fontes do hospital disseram que o homem, não identificado, está em isolamento desde domingo, quatro dias depois de ter apresentado os primeiros sintomas. Nesta quarta-feira, a porta-voz do hospital não deu mais informação sobre o estado de saúde do homem. Até agora, não há nenhum medicamento contra o vírus do ébola, que pode matar até 90% das pessoas infectadas. Mas os CDC estão a considerar dar ao doente um medicamento experimental.

Uma pessoa próxima do doente poderá estar infectada pelo vírus, soube-se nesta quarta-feira. “Talvez tenhamos um outro caso de ébola, uma pessoa próxima do primeiro doente”, disse Zachary Thompson, director dos serviços de saúde do condado de Dallas, a uma cadeia de televisão local, citado pela agência AFP. Os CDC “não estão ao corrente” deste possível novo caso, disse Tom Skinner, porta-voz da instituição, à AFP.

Tom Frieden já tinha explicado que é possível que outras pessoas tenham sido infectadas pelo ébola, mas o responsável calcula que terão sido poucas. Os familiares do doente estão especialmente em risco.

Os três profissionais de saúde que foram buscar o doente a casa, numa ambulância, fizeram testes para o vírus do ébola, que deram resultado negativo. Os profissionais estão em quarentena e vão ser observados durante 21 dias.

Este é o período máximo de incubação da doença. Se os sintomas não surgem após três semanas do último contacto com uma pessoa com sintomas de ébola, então é porque não houve transmissão.

Mais de 3000 pessoas já morreram devido ao vírus do ébola na África Ocidental. Os anteriores casos de ébola tratados nos Estados Unidos foram de doentes diagnosticados em África e que viajaram para solo norte-americano em aviões especiais.

As autoridades norte-americanas já garantiram ter capacidade para evitar a propagação do vírus em território dos EUA. “Não tenho dúvidas de que seremos capazes de controlar a importação deste caso de ébola para impedir a propagação no nosso país”, acrescentou Tom Frieden, citado pela agência AFP.

Na Nigéria, o quarto país a ser atingido pela pior epidemia de sempre do ébola, o surto poderá estar a ficar controlado. O vírus chegou àquele país também de avião. Um homem com dupla nacionalidade, liberiana e norte-americana, viajou da Libéria para a cidade de Lagos a 20 de Julho, já doente. O vírus infectou 21 pessoas na Nigéria, matando oito, e chegou a duas cidades. O último caso de ébola em território nigeriano foi detectado a 5 de Setembro. Ainda há algumas pessoas que estão a ser monitorizadas até terminar o período de 21 dias.

Nos Estados Unidos, o novo doente só começou a apresentar sintomas a 24 de Setembro, quatro dias depois de chegar a Dallas, onde foi visitar a família. As autoridades da Libéria já vieram dizer que o homem não apresentava sintomas quando saiu do país africano, avança a Reuters.

Mas há um pormenor que está a gerar polémica nos Estados Unidos: da primeira vez que o doente visitou o hospital, a 26 de Setembro, foi mandado de volta para casa. Só a 28 de Setembro é que finalmente foi isolado naquela instituição. Dois dias depois, o teste confirmou que estava infectado com o vírus do ébola.

Um doente com ébola só infecta outros depois de os sintomas aparecerem, o vírus está em fluídos como o sangue, a urina, a saliva, o sémen e nas fezes e pode-se propagar quando alguém tem contacto com estes fluídos. À medida que a doença avança e o vírus se multiplica, estes fluídos vão tendo cada vez mais vírus, aumentando a probabilidade de infecção, se houver contacto.

Notícia actualizada às 18h09 de 1 de Outubro.

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