Um filme do desassossego
Joaquim Pinto faz colidir o ensaio, o documentário e o registo histórico em E Agora, Lembra-me.
Sem problemas em assumir a sua vulnerabilidade ou a sua espiritualidade, E Agora? Lembra-me carrega dentro de si as sementes de dez, cem outros filmes possíveis. E é essa também a sua fraqueza: a sensação de que, a partir de certa altura, o filme se começa a dispersar e a perder pelo meio desses esboços, numa sofreguidão de não deixar nada por dizer nem por pensar, tão compreensível quanto frustrante. Ainda assim, esta pérola rara — mais uma das pérolas raras em que a produção nacional parece ser perita... — é obra que vai, merecidamente, ficar como um dos filmes portugueses do século XXI.