Noir falso, sexo verdadeiro
A "evidência" física de Eva Green contraria a gasosa digital que é este segundo Sin City.
Este segundo Sin City serve tão bem de exemplo como outro qualquer, tanto mais que faz apelo a alguma memória das próprias tradições hollywoodianas. Ou, precisamente, não faz, limitando-se a ser, como o filme precedente, uma variação menor, aligeirada e abonecada, do film noir e em particular do de inspiração chandleriana (cuja euforia verbal a narração off tenta, esforçadamente, emular), feita a pensar num público que a 99% nunca viu um “filme negro” e ainda menos ouviu falar de Raymond Chandler. Se vale a pena prestar atenção a algo neste filme, é (como na recente sequela de 300) à presença de Eva Green, cuja “evidência física”, por assim dizer, quase vira do avesso a gasosa digital que a rodeia. O que Green, aparentemente sabendo muito bem o que faz, anda a devolver quase sozinha ao cinema da grande indústria americana tem um nome simples: sexo, essa raridade nesta era que se não for a mais puritana do cinema americano é, por certo, a mais infantilizada.E quase se podia escrever uma adenda a esta nota mencionando o célebre
leak de fotos de celebridades ocorrido esta semana, como que confirmando que em Hollywood o sexo passou a ser só uma transgressãozinha adolescente.