Igreja de Inglaterra aprova a ordenação de mulheres como bispos
A primeira ordenação pode acontecer antes do final do ano.
Na votação anterior, em 2012, esta reforma já tinha sido aprovada numa das duas câmaras do sínodo, o dos bispos e clérigos, mas chumbou na outra composta por membros mais tradicionalistas da Igreja.
Ao ser anunciado o resultado da votação, o bispo de York (no Norte de Inglaterra, onde se realizou o sínodo), pediu "contenção", mas esta reforma histórica foi recebida na sala com gritos de alegria.
A votação crucial veio da assembleia de leigos, com 152 membros a votarem a favor, 45 contra e cinco a absteram-se, Na votação de Novembro esta assembleia chumbou a alteração por oito votos.
Na assembleia dos bispos, 37 votaram a favor e dois contra. Na assembleia dos clérigos votou-se assim: 162 a favor, 25 contra e quatro abstenções.
A primeira mulher bispo da Igreja Anglicana poderá ser nomeada já no final do ano.
Esta votação fez uma reforma profunda em séculos de tradição numa Igreja que há muito estava profundamente dividida quanto a esta questão. Há mais de vinte anos que as mulheres podem exercer o sacerdócio nesta Igreja, mas estavam impedidas de progredir na hierarquia.
A Igreja da Inglaterra, surgida de um cisma da católica, é a Igreja mãe da comunidade anglicana, que conta com 80 milhões de fiéis em 165 países do mundo. No entanto, a aprovação desta reforma pelo sínodo inglês não obrigará as outras igrejas anglicanas a ordenar mulheres bispos, embora envie uma mensagem forte nesse sentido.
Os observadores dizem que a comunidade anglicana procura, com esta reforma, acabar com sua imagem de Igreja retrógrada, em comparação com a atitude mais progressista de outras Igrejas anglicanas, como em Gales, Estados Unidos, Austrália, Canadá e Suazilândia, que já autorizam a ordenação de mulheres como bispos.
A reforma foi apoiada pelo arcebispo de Cantuária, Justin Welby, e pelo primeiro-ministro David Cameron.
"Gerações de mulheres serviram o Senhor na Igreja de Inglaterra durante séculos. Este é um momento de glória: o bispado foi-lhes aberto", disse o arcebispo de York, John Sentamu, sublinhando que esta votação também mostrou que a Igreja sabe resolver as suas divergências.