800 mil euros e mais de ano e meio de obras separam a ilha da Bela Vista de hoje do futuro
Ilha municipal vai ser reabilitada, mantendo os habitantes actuais e criando casas com melhores condições para futuros moradores.
O projecto de reabilitação da ilha da Bela Vista foi apresentado oficialmente na tarde desta sexta-feira, com os principais responsáveis políticos em mangas de camisa, que o sol não perdoava. Rui Moreira brincou com alguns moradores, lembrando que quando andou por ali em campanha, em Agosto do ano passado, poucos acreditaram que a promessa de então seria cumprida – mesmo que ele vencesse as eleições, como o fez. “O senhor Luís disse-me: ‘Não sei se vai ganhar a câmara, mas se for presidente, não volta cá.’ Ele já deu o braço a torcer”, disse Moreira, sorridente, dizendo-se “emocionado” por estar ali de novo.
Como o PÚBLICO já adiantara, em Fevereiro, o projecto de reabilitação foi coordenado pelo gabinete Cerejeira Fontes Arquitectos, em parceria com o Lahb Social - Laboratório de Habitação Básica e Social, que também irá ficar instalado na ilha. Ontem, o arquitecto António Cerejeira Fontes explicou como a nova ilha irá passar a ter três entradas, em vez da única que neste momento leva ao anterior do núcleo habitacional construído em finais do século XIX. Algumas casas vão desaparecer, para permitir maiores atravessamentos dentro da ilha e as casas terão clarabóias e aberturas no telhado, que irão permitir uma maior luminosidade e melhor circulação de ar.
As 30 habitações que irão substituir as actuais 42 (das quais apenas 13 estão ocupadas) vão ter um ou dois pisos, está prevista a adaptação de algumas habitações a pessoas com necessidades especiais e o espaço terá ainda hortas e um novo edifício onde ficará instalado o Lahb Social, uma lavandaria comunitária, a sede da associação de moradores e um centro de convívio.
Manuel Pizarro frisou que a câmara espera arrancar com as obras “no último trimestre do ano”, mas avisou que os trabalhos serão demorados. “As obras serão feitas em duas fases, porque os moradores não vão sair daqui, vão ser deslocados de umas casas para outras. Por isso, é previsível que os trabalhos durem mais do que um ano e meio”, disse. Quanto aos custos, o vereador aponta agora um investimento na ordem dos “800 mil euros”, valor superior aos 500 mil indicados ao PÚBLICO em Fevereiro e que inclui já a instalação do Lahb Social.
O antropólogo Fernando Matos Rodrigues e Berta Granja, do Instituto Superior de Serviço Social do Porto, que integram o Lahb Social estiveram presentes na apresentação do projecto, assim como o primeiro vereador da Habitação de Rui Rio, Paulo Morais, a quem Rui Moreira atribuiu a paternidade da ideia de reabilitar as ilhas da cidade. “Foi ele que teve a ideia de fazer isto. Sei que está tão contente como nós, por podermos levar este projecto avante”, disse Rui Moreira.
O presidente e o vereador da Habitação reforçaram que este é apenas o primeiro passo de um programa mais abrangente que pretende mudar as ilhas da cidade do Porto, com Manuel Pizarro a admitir que o município possui “mais duas ou três ilhas”, que poderão ser também alvo de reconversão. Rui Moreira manifestou ainda a esperança que o exemplo que a Câmara do Porto quer dar com a intervenção na Bela Vista possa servir de inspiração aos proprietários privados. “Este modelo pode ser replicado pela parte privada da economia. Esperamos que ajude os proprietários privados a percebe que as ilhas podem ser um território rentável, onde pode valer a pena fazer um investimento localizado”, disse.
Quando estiverem prontas, as casas da ilha da Bela Vista serão integradas no mercado de habitação social da autarquia.