Estudo diz que stressamos mais em casa do que no trabalho
Conseguir coordenar tarefas domésticas e cuidar dos filhos pode ser mais complicado do que cumprir uma função no trabalho.
No estudo de Sarah Damaske, Joshua Smyth e Matthew Zawadzki, da Escola de Trabalho e Relações Laborais na Universidade Estatal da Pensilvânia, EUA, foi medido o nível de stress de 112 pessoas durante um dia, de duas formas: através da medição dos níveis de cortisol e perguntando a cada um dos indivíduos que classificassem o seu estado de humor. O nível de cortisol foi obtido após a retirada de cinco amostras de saliva.<_o3a_p>
Após a medição dos níveis de cortisol, os três investigadores concluíram que “as pessoas têm níveis significativamente mais baixos de stress no trabalho do que em casa”, explica a socióloga e professora na Universidade da Pensilvânia, Sarah Damaske. <_o3a_p>
Esta conclusão vem suportar estudos anteriores, segundo os quais as pessoas que trabalham têm uma saúde mental e física melhor do que as que não têm uma ocupação laboral. Subscreve ainda outro trabalho que concluiu que as mães que trabalham a tempo inteiro e de forma estável, desde os seus 20 ou 30 anos, revelam uma saúde física e mental melhor aos 45 anos que as mães que trabalham a meio tempo, que são domésticas, ou que passam por longos períodos de desemprego.<_o3a_p>
No trabalho agora revelado, o trio de investigadores descobriu ainda uma contrariação do que se pensa ser a norma. “As mulheres tal como os homens têm níveis mais baixos de stress no trabalho do que em casa”, indica Damaske, acrescentando que as mulheres se sentem mais renovadas no trabalho que os homens porque, ao contrário destes, afirmam-se mais felizes a trabalhar do que a descansar nas suas casas, onde as esperam, muita das vezes, trabalho doméstico e os filhos. A investigadora sublinha que são eles que admitem ser mais felizes em casa e que estes dados mostraram que “existe uma grande diferença de género”, como disse ao Washington Post. <_o3a_p>
Quando se fala em trabalhadores que são pais, os resultados são outros. Tanto as mães como os pais manifestaram-se menos stressados no trabalho do que em casa. No entanto, os pais não experienciaram uma maior quebra no seu stress que os trabalhadores que não têm filhos.
“Não penso que estar em casa é stressante. Quando estamos em casa ao sábado, não estamos a trabalhar. Vamos ao parque, lavamos a roupa. O dia decorre a um ritmo mais lento”, argumenta Damaske ao jornal. A socióloga considera que o problema surge devido à “combinação de ambos, trabalho e casa, que torna a casa tão stressante para as pessoas durante a semana de trabalho”.
Damaske explica que é mais stressante estar em casa “porque existem muitas coisas a acontecer ao mesmo tempo”. “Conseguir concluir alguma coisa é um desafio”, reforça a investigadora ao Washington Post.<_o3a_p>
“No trabalho, as pessoas estão potencialmente a cumprir tarefas. Conseguem focar a sua atenção e concretizar coisas, tanto com remunerações altas e baixas”, afirma a socióloga. Mas Damaske sublinha que, “apesar de considerarmos que o trabalho é recompensador se for profissional, as pessoas com rendimentos mais baixos sofrem uma redução mais acentuada do stress no trabalho”. Quanto aos que têm salários mais altos, a investigadora revela que tanto mulheres como homens apresentaram níveis mais elevados de cortisol no local de trabalho e ambos os sexos sentiram-se mais felizes nas folgas. <_o3a_p>
O estudo concluiu que “dizer às pessoas para desistirem ou reduzir as horas de trabalho para resolverem os conflitos trabalho-família não será o melhor conselho a longo prazo”, mas sim a flexibilidade dos empregadores. Cabe aqui às empresas adoptar políticas “amigas da família” que permitam aos seus trabalhadores continuarem a ter os benefícios de saúde do trabalho enquanto conseguem responder às suas responsabilidades familiares. Esse equilíbrio pode ser conseguido através do trabalho a partir de casa, licenças de maternidade e paternidade, ou pagamento dos dias de doença.