O primeiro número tem como tema de capa a comemoração dos 800 anos da Língua Portuguesa, traz uma entrevista ao poeta e padre José Tolentino Mendonça e assinala os 40 anos do 25 de Abril de 1974. O escritor Valter Hugo Mãe, que é padrinho da mais recente Fnac em Portugal, a das Amoreiras, assina o editorial deste número.
O projecto, que tem uma equipa própria e conteúdos originais, “surge quase como uma extensão natural da nossa actividade quotidiana”, explica ao PÚBLICO por email o responsável pela comunicação institucional e cultural da Fnac em Portugal, Jorge Guerra e Paz.
“Desde sempre a Fnac manteve uma relação muito próxima com a literatura, com os escritores e com os leitores, e pareceu-nos, por isso, evidente que esta relação fosse consolidada com a criação de um ‘braço editorial’ como a revista Estante”, acrescenta. “Queremos que esta revista se torne, tal como as nossas lojas o são, num espaço de livre acesso à cultura onde os escritores, os livros e a literatura são os protagonistas e onde os leitores poderão encontrar conteúdos interessantes e originais tratados com a informalidade que nos caracteriza.”
A revista Estante está dividida em quatro secções: a Vírgula (introdução, breves, etc), os Parênteses (grande entrevista e temas de fundo), a Reticência (novidades do mundo dos livros) e o Ponto de interrogação (secção infantil).
Um investimento numa revista literária numa altura em que as revistas dedicadas exclusivamente aos livros em Portugal acabaram (como a revista Os Meus Livros) ou deixaram recentemente de ser mensais (como aconteceu com a revista Ler) pode parecer um contra-senso. Jorge Guerra e Paz contrapõe dizendo que “o facto de assistirmos a um certo ‘desinvestimento’ neste tipo de revistas torna ainda mais pertinente o nosso investimento neste projecto: estamos a dizer de forma veemente que acreditamos nos escritores, nos livros e nos leitores.”
Por outro lado, o projecto surge quando o espaço dedicado aos livros nas lojas do grupo em Portugal tem vindo a ser ocupado por outros artigos, nomeadamente por artigos de papelaria. Confrontado com esta questão, Jorge Guerra e Paz responde que não se trata de desinteresse pela área dos livros. "Sempre que surge uma nova área, como é o caso dos artigos de papelaria, deparamo-nos com a impossibilidade de aumentar o espaço físico das nossas lojas, o que pressupõe uma reorganização dos espaços, não significando isso que haja da nossa parte qualquer tipo de ‘desinteresse’ pelas outras áreas”, diz.
“É óbvia a nossa aposta na área da literatura não só nas nossas livrarias, mas também através de projectos como o ‘Resumo’ (livro de poesia editado em parceria com a editora Documenta), o ‘Prazer da Leitura’ (livro de contos editado em parceria com a editora Teodolito), os Novos Talentos Fnac Literatura, os encontros com autores que promovemos nos Fóruns da Fnac, em todo o país, e agora com a edição da revista Estante”, acrescenta.
Notícia alterada: O preço da revista Estante foi alterado, não custará três euros como inicialmente tinham pensado mas 1,5 euros.