Obrigado, Jagger

Não sei que favor é que Portugal e os portugueses fizeram a Mick Jagger, mas deve ter sido grande porque tem sido bem pago.

Lembro-me de que Jagger foi a primeira celebridade a frequentar a Lisboa Pâtisserie em Londres, tendo sido decisivo na promoção internacional do nice galão e do pastel de nata. Se não tivesse sido ele, o Portuguese custard tart teria ficado por Belém. De onde nunca deveria ter saído, dirão os leitores da minha laia. Pois não: só os sábios da Antiga Confeitaria de Belém, fundada em 1837, é que sabem o que estão a fazer.

Ainda no fim dos anos 80 do século passado, Jagger foi fotografado a atirar-se ao frango "peri-peri" do Nando's, uma cadeia internacional de churrascos no estilo afro-lusitano que nasceu na África do Sul, por obra de Fernando Duarte.

Uma coisa é certa: nem num caso nem noutro Jagger foi pago. É ele que procura os confortos portugueses, sempre que se encontra no estrangeiro, que é sempre.

No Correio da Manhã de terça-feira vê-se Jagger apanhado pelo braço anfitrião do magnífico Sr. Santos do restaurante Santos na Ilha da Taipa, onde só se pode ir de propósito. O restaurante é mais benfiquista do que português – ou mais português do que benfiquista. Já não me lembro do que se deve dizer.

Já almocei e jantei no Santos – e gostei. Jagger é um génio da música. Mas também sabe muito da vida. Ir atrás dos gostos dele é uma bela maneira de poupar tempo a escolher.

Sobretudo se já formos portugueses. Ora pois.

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