Afinal, o candidato do Partido Trabalhista Português às europeias é Amândio Madaleno

Há dois dias o partido anunciou que o candidato seria o social-democrata Nuno Miguel Henriques, mas "por pressão do poder instalado", o processo não avançou.

Na quarta-feira passada o partido tinha avançado que seria o social-democrata Nuno Miguel Henriques a encabeçar a lista do Partido Trabalhista às eleições europeias, mas no dia seguinte o social-democrata e declamador de poesia negou tal hipótese. "O facto de o partido anunciar o meu nome à minha revelia fez com que tivesse recusado terminantemente o convite", justificou.

No decorrer da apresentação da candidatura, o presidente do PTP, Amândio Madaleno, revelou aos jornalistas que de facto Nuno Miguel Henriques era o candidato até há dois dias e que estaria tudo a postos para a sua apresentação, no local que o próprio tinha escolhido, simbolicamente, à frente do Coliseu, onde se realizou o Congresso do PSD no passado fim-de-semana.

Apesar das críticas que faz à política de direita, Madaleno confirma que houve uma tentativa de unir esforços com alguém que representasse e cativasse esse eleitorado: “Durante duas semanas trabalhámos no sentido de haver uma espécie de coligação entre um grupo que representa a direita e o nosso partido. Esteve tudo programado nesse sentido. Os trabalhos decorreram bem.”

No entanto, “quem está no poder faz tudo o que está ao seu alcance para chantagear outras oportunidades e em Portugal não há salvaguarda para situações dessas”, queixou-se o advogado, acrescentando que “a determinada altura Nuno Miguel Henriques desistiu, tal como quando esteve para enfrentar Pedro Passos Coelho em congresso”. Em 2011, o social-democrata Nuno Miguel Henriques chegou a anunciar a sua candidatura à liderança do PSD, mas acabou por não a concretizar, tendo alegado na altura que lhe "foi vedada informação" para que formalizasse a sua proposta em tempo útil.

Amândio Madaleno acredita que houve “pressão do poder instalado” – aquilo a que chama de “submundo das lojas [da maçonaria] e das pressões” – no sentido de fazer “naufragar o processo”. E suporta a tese de que havia da parte do Governo receio que o PTP conseguisse convencer grande parte do eleitorado da direita, que está descontente com esta governação.

Muito crítico, Madaleno disse que “o Governo PSD/CDS pretende colocar as pessoas sem esperança” e fazer com que tenham de emigrar. “Os nossos jovens daqui a 20 anos vão fazer o quê? Só receber turistas e ver paisagem? Não vejo jovens a fazer política com independência”, lamentou Amândio Madaleno, que falou ainda da “falta de maturidade dos políticos no activo", considerando o reaparecimento de Miguel Relvas na política um "fenómeno obscuro”.

O presidente do PTP e agora candidato reconhece que “é muito difícil fazer política em Portugal”, mas tem “esperança que se consiga eleger pelo menos um representante” para o Parlamento Europeu. O partido tem como primeiro grande objectivo “demonstrar aos eleitores as fragilidades, os erros e infantilidades deste Governo” e mostrar “à chamada franja da direita ou do centro que efectivamente se enganou quando escolheu Pedro Passos Coelho e Paulo Portas”, sublinhou.

Outro grande tema do programa do Partido Trabalhista Português é o desemprego e o problema relacionado com os entraves colocados pelas leis laborais que fazem com que a “justiça não esteja hoje ao serviço do cidadão, mas sim ao serviço de algumas instituições bancárias e entidades”. Além disso, o PTP pretende a criminalização do acto político que provoque o “descalabro” financeiro. “Se não for dessa maneira nunca conseguiremos ser um país livre e democrático”, rematou.

José Manuel Coelho recusou
O PTP tinha antes escolhido o seu vice-presidente José Manuel Coelho para liderar a lista às europeias, mas o mediático deputado madeirense e ex-candidato à Presidência da República declinou o convite.

Segundo o dirigente do PTP na Madeira, a direcção nacional do partido pretendia que, a partir da primeira semana de Março, José Manuel Coelho permanecesse no continente, em campanha, até à data das eleições em Maio. A excepção, que possibilitaria o regresso ao Funchal, seria a participação nos plenários da Assembleia Legislativa da Madeira. Mas Coelho não aceitou esta exigência, alegando que a sua prioridade continuaria a ser a luta contra o “jardinismo”, regime político vigente na Madeira há mais de três décadas.

Coelho integrou a Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) na anterior legislatura de 2007/11. Foi então eleito pelo PND que apoiou a sua candidatura a Belém em 2009, na qual obteve 4,5% da votação a nível nacional. Na Madeira, ultrapassou Cavaco Silva nos concelhos do Funchal (41.15%), Machico (41.09%) e Santa Cruz (47.48%), onde foi o candidato mais votado. Nas últimas eleições regionais candidatou-se pelo PTP, partido que conquistou três mandatos na ALM, passando a terceiro maior partido da oposição, depois do CDS e PS, e ultrapassando o PND, PCP, MPT e PAN, todos com um único representante.

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