Mais de 30 mortos em três dias na República Centro-Africana

Confrontos na República Centro-Africana têm atingido um “nível de violência sem precedentes”, alerta Cruz Vermelha. UE vai enviar mais 45 milhões de euros para ajudar país africano.

Foto
Milhares de pessoas têm abandonado as suas casas para fugir aos confrontos Issouf Sanogo/AFP

Foi “extremamente preocupado” que o chefe da delegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Georgios Georgantas, se revelou durante uma conferência de imprensa em Bangui, segundo a AFP. Os números revelados pelo responsável reflectem um “nível de violência sem precedentes”.

O verdadeiro número de mortos pode ser bem maior, uma vez que em Bangui há várias famílias que se ocupam dos funerais e outras que nem podem trazer os feridos aos centros hospitalares devido à insegurança.

O país vive aterrorizado há quase um ano pelos confrontos entre milícias rivais e que já fizeram milhares de mortos. Em Março, o Presidente François Bozizé foi deposto pelos Séléka, um grupo rebelde de maioria muçulmana, e substituído por Michel Djotodia. Rapidamente, os Séléka começaram a espalhar o terror pelas comunidades cristãs, maioritárias na RCA.

Como resposta, começaram a surgir milícias de autodefesa, chamadas de anti-balaka, e os combates escalaram. À missão da União Africana (UA) juntou-se, no início de Dezembro, um contingente francês de 1.600 soldados, mas nem por isso a violência foi contida.

Este mês, Djotodia apresentou a demissão, fruto de pressões internacionais, e, dias depois, o Parlamento do país elegeu Catherine Samba-Panza.

Violência diária

Apesar dos esforços internacionais, a violência continua a ser diária na RCA. Na quinta-feira, a cidade de Sibut, a 180 quilómetros de Bangui, foi tomada por uma coluna armada de ex-Séléka. Na cidade, os milicianos pediram à comunidade cristã o pagamento de um “imposto”, segundo a AFP. Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) referem que acções semelhantes terão ocorrido noutras cidades.

A violência tem alastrado a várias zonas do país, provocando a fuga de populações inteiras. “Uma cidade fantasma, vazia, destruída, pilhada.” É assim que Bocaranga (noroeste) é descrita à AFP por Delphine Chedorge, coordenadora dos MSF. “Os contactos que temos na província dão-nos conta de violência extrema e de fugas da população aterrorizada”, contou a responsável.

A crise humanitária na RCA é um dos temas que domina a 22ª Cimeira da União Africana, em Adis Abeba (Etiópia). O comissário europeu para o Desenvolvimento, Andris Piebalgs, anunciou esta sexta-feira que a União Europeia vai disponibilizar 45 milhões de euros para apoiar o fim do conflito no país.

A UE já desbloqueou 150 milhões de euros para ajudar a conter a crise na RCA e aprovou o envio de uma força europeia de 500 soldados. “É importante que a segurança reine [na RCA] e são as tropas africanas que deverão ser capazes de a assegurar”, afirmou o comissário, presente na cimeira de líderes africanos. “O único problema é que se há muitos soldados, falta muito dinheiro”, acrescentou.

Sugerir correcção
Comentar