República Centro-Africana suspensa da UA depois de rebeldes conquistarem capital
Presidente François Bozizé fugiu. Nos combates foram mortos 13 militares sul-africanos que tinham sido enviados para apoiar Governo.
“Há muitas pilhagens de homens armados. Partem as portas, pilham e depois a população vem e faz o mesmo”, disse um habitante contactado telefonicamente pela agência AFP.
O Conselho da Paz e Segurança da UA decidiu suspender a participação do país na organização e aprovou sanções a sete responsáveis da Séléka, entre os quais o seu líder, Michel Djotodia.
Nos combates pelo controlo de Bangui foram mortos 13 militares sul-africanos e feridos 27. “Na sequência de combates entre os membros das forças nacionais sul-africanas de defesa e os rebeldes houve mortos dos dois lados”, disse o brigadeiro-general Xolani Mabanga.
Na manhã desta segunda-feira, o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, divulgou o número e manifestou "orgulho" pelos soldados que combateram os "bandidos". A África do Sul deslocou em Janeiro 200 homens para apoiar o Governo.
A Cruz Vermelha Internacional pediu para deslocar o seu pessoal para Bangui, dizendo ter informação de muitos feridos.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou a tomada do poder pelos rebeldes e declarou-se preocupado com violações dos direitos do homem.
Presidente desde 2003, antigo colaborador do autoproclamado imperador Jean-Bedel Bokassa, Bozizé, 66 anos, tomou o poder pelas armas. Foi eleito em 2005 e reeleito em 2011, num escrutínio contestado pela oposição.
Depois de uma ofensiva relâmpago, os rebeldes tomaram a capital e o líder, Michel Djotodia, declarou-se Presidente. “Os rebeldes controlam a cidade”, admitiu uma fonte da Força Multinacional da África Central (Fomac), cuja intervenção foi pedida por Bozizé.
A França, antiga potência colonial, anunciou o reforço do seu dispositivo militar no país – são agora 550 soldados – para proteger cerca de 1200 franceses que ali residem.
Os rebeldes tinham feito uma primeira ofensiva em Dezembro, somando vitórias até pararem, 75 quilómetros a norte de Bangui. A 11 de Janeiro, em Libreville, capital do Gabão, o campo de Bozizé, a oposição e os rebeldes tinham chegado a acordo sobre um governo de unidade nacional. Mas argumentando que os acordos não estavam a ser respeitados, no fim-de-semana a Séléka retomou a ofensiva e anunciou a intenção de formar um governo de transição.
Michel Djotodia manifestou a intenção de respeitar o “espírito de Libreville” e de manter como primeiro-ministro Nicolas Tiangaye, um opositor de Bozizé, designado na sequência do entendimento de Janeiro. Disse também que haverá eleições no prazo de três anos.