“Manifesto contra a Crise", pela ciência, a cultura e as artes", apresentado em Lisboa
Mais de cem intelectuais e cientistas portugueses assinaram documento que é conhecido na tarde desta quarta-feira, na Gulbenkian.
Entre outros, participam na sessão a catedrática Annabela Rita e o escritor Miguel Real, que vão fazer a apresentação do Manifesto, no qual se afirma que “uma política (inter)nacional contabilística, que se prolongará nos tempos próximos, está a arruinar o presente e o futuro de uma geração de estudiosos e de artistas”.
Usarão também da palavra a escritora Teolinda Gersão, o investigador Carlos Fiolhais, o catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Viriato Soromenho Marques e o professor da Universidade Aberta João Relvão Caetano.
O grupo de trabalho deste manifesto irá anunciar o projecto das Novas Conferências do Casino, que se realizarão no Casino Estoril, nos arredores de Lisboa, estando previstas sete sessões, até ao final do ano, segundo fonte da organização.
O título do projecto é uma clara referência às Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, que se realizaram na Primavera de 1871, em Lisboa, nas quais participaram Antero de Quental, Eça de Queiroz, Augusto Soromenho e Adolfo Coelho. Este projecto teve origem num manifesto publicado no jornal A Revolução de Setembro, assinado por estas e outras personalidades, nomeadamente Jaime Batalha Reis, Manuel de Arriaga, Salomão Sarágga, Teófilo Braga e Oliveira Martins.
O “Manifesto contra a Crise – Compromisso com a Ciência, a Cultura e as Artes”, que é apresentado em Lisboa nesta quarta-feira, será disponibilizado na Internet, a partir de quinta-feira, “por forma a ir ao encontro das muitas pessoas que se nos têm dirigido e demonstrado vontade de o assinar, por partilharem da mesma opinião”, informou um dos signatários.
Os 131 que já assinaram manifesto – entre os quais a escritora Alice Vieira e o médico Amadeu Prado de Lacerda –, salientam não estarem “contra ninguém”, afirmando desconhecer qual o efeito desta sua iniciativa, mas “sentem que não é possível permanecer em silêncio, e desejam afirmar a sua revolta e indignação contra uma situação” que lamentam.
Os subscritores, como Mário Assis Ferreira, editor da revista Egoísta, criticam o “desinvestimento nas criações culturais e na conservação e restauro do património [que] fere a necessária inovação estética e a memória vivas de que uma identidade aberta em constante renovação não pode prescindir, sob pena de empenhamento do futuro”.
A sessão, no auditório 3 da Fundação Gulbenkian, abre às 18h30, com a canção de Pedro Abrunhosa, "Para os Braços da Minha Mãe", que conta com participação especial de Camané. O cantor e compositor nortenho pode, aliás, vir a participar na sessão.
No sábado, o manifesto será apresentado no Funchal, numa sessão que vai contar com Annabela Rita, Miguel Real e Luísa Antunes Paolinelli, da Universidade da Madeira, estando ainda previstas apresentações, a agendar, no Porto e em Viseu.