Mário Soares solidário com trabalhadores dos Estaleiros de Viana

Antigo Presidente marcou presença na acção de luta em defesa dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo em “solidariedade” com a luta dos trabalhadores e por acreditar que “é sempre possível fazer as coisas bem feitas”.

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Fotografias: Fernando Veludo/NFACTOS
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Momentos antes, soprara as velas do bolo de aniversário com que foi o surpreendido e, garantia, em resposta às perguntas dos jornalistas, a importância estratégica da empresa e a justeza da luta dos seus trabalhadores. “Estes homens estão no seu direito de lutar e devem continuar a lutar. É por isso que eu cá estou. É sempre possível fazer coisas bem-feitas. É possível reverter todo o processo, nós precisamos de fazer com que o país seja Portugal. Estão a destruir Portugal”, sustentou.

A intervenção do antigo Presidente da República foi das primeiras que se ouviram na Praça da República, onde decorreu a iniciativa “A construção naval não pode morrer”, promovida pela autarquia, em defesa do único construtor naval do país, e onde marcaram presença políticos, sindicalistas e até atletas.

“Nós estamos aqui, todos, unidos, sem as camisolas partidárias para defender aquilo que é o ADN português” afirmou o presidente da Câmara Municipal referindo-se à histórica ligação do país ao mar. O socialista José Maria Costa foi o primeiro a usar da palavra para insistir na necessidade de “parar” com o processo de subconcessão dos terrenos, infraestruturas e equipamentos da empresa ao grupo Martifer.

“Há sempre tempo para tomar boas medidas”, afirmou o autarca, lembrando ao Governo que suspender o processo não traduz fraqueza mas um sinal de inteligência. O mesmo repto foi lançado pelo coordenador da Comissão de Trabalhadores dos ENVC. António Costa garantiu, no entanto, que se não for essa a decisão do ministro da Defesa os trabalhadores não irão desarmar: “Vamos lutar até à exaustão. Senhor ministro, deixe-nos trabalhar”, afirmou, recordando que em dois anos e meio os órgãos representativos dos trabalhadores convidaram seis vezes, por escrito, José Pedro Aguiar-Branco, a visitar a empresa, sempre sem sucesso.

Mais do que a suspensão do processo ouviram-se, no palco montado no centro histórico de Viana, repetidos apelos a uma “investigação” profunda da gestão dos estaleiros nos últimos anos. A eurodeputada socialista Ana Gomes relançou suspeitas quanto a condução deste processo por parte do ministro da Defesa, acusando José Pedro Aguiar-Branco de “gestão danosa” e de “passar a pataco” a empresa para privados.

A eurodeputada socialista Ana Gomes pediu aos trabalhadores que “não se resignem”, que continuem a lutar porque e manifestou-se confiante de que “os criminosos “vão ser encontrados.

“Os responsáveis sejam eles quem forem, hão-de ser investigados”, sustentou.

Perante a multidão que encheu por completo a Praça da República a deputada socialista Gabriela Canavilhas garantiu que os trabalhadores “não estão sozinhos” porque esta não é uma causa da cidade e apelou: “Não desistam”.

“Têm o país convosco porque isto é uma causa nacional. O que está a acontecer não pode continuar. O Governo não pode continuar a governar contra as pessoas. Nós precisamos de governantes com visão de Estado, com atitude de estadistas, que saibam apostar naquilo que é o futuro, e os estaleiros têm que estar ligados ao futuro da economia e do nosso país”, sustentou.

Carla Cruz, deputada do PCP, elogiou a luta que os trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo têm travado nos últimos dois anos e que voltará a sair para as ruas de Viana no próximo dia 13. A deputada comunista apelou ainda ao apoio de todos os partidos à proposta de constituição de uma comissão de inquérito parlamentar apresentada pelo partido e garantiu que se não for aprovada o PCP irá avançar com um pedido potestativo, embora seja necessário o voto favorável de um quinto dos deputados, ou seja, a colaboração de outras bancadas para além das do BE e dos Verdes.

As duas centrais sindicais estiveram também representadas na acção de luta para reafirmar o seu apoio aos trabalhadores e garantir, por todos os meios, que o processo de subconcessão que se prolonga até 2031, e envolve o pagamento de uma renda anual de 415 mil euros, seja travado.

O negócio prevê o encerramento dos ENVC e o despedimento dos mais de 600 trabalhadores. O Governo já deu luz ver a Empordef, a holding estatal que tutela a empresa de construção naval a contrair um empréstimo até 31 milhões de euros para suportar o processo de rescisões por mútuo acordo dos contratos de trabalho dos actuais 609 trabalhadores.Neste processo, a indemnização total, individual, mais baixa ronda os seis mil euros, enquanto a mais alta atingirá os 200 mil euros. Segundo a administração dos ENVC cerca de 60 funcionários comunicaram que aceitavam o acordo para a rescisão dos contratos, número que a comissão de trabalhadores garantiu desconhecer.

 

 

 

 
 
 
 
 

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