"Depois de Histórias de Caçadeira" (2007) e "Procurem Abrigo" (2011), "Fuga" parece ser um passo a mais em direcção à “normalização” de Jeff Nichols. Ao novo filme, que esteve a concurso em Cannes e tem a presença de “vedetas” estabelecidas no elenco, falta a tensão do primeiro e a dúvida metódica do segundo; Nichols conta antes uma história de aprendizagem da vida por um adolescente do Arkansas fluvial (um notável Tye Sheridan, revelado na Árvore da Vida de Terrence Malick), entre os pais em processo de separação e a ajuda a um fugitivo à polícia (Matthew McConaughey) escondido numa ilhota literalmente nas traseiras. Mas é em tudo o que não está dito que Nichols costuma brilhar, e é precisamente aí que Fuga se ganha: nos silêncios em que tudo fica por dizer, no entrosamento perfeito entre personagens e ambiente (como se a história quase brotasse dos cenários), na carta branca que dá aos actores para enriquecer o que está na imagem. É um estupendíssimo filme, é a confirmação de Nichols como o nome a reter da “nova vaga” americana.
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