A Minha Vida Dava um Filme

Pelos vistos, American Splendor (2003) não passou de um “fogacho” que a dupla de documentaristas Shari Springer Berman e Robert Pulcini não conseguiu repetir. A Minha Vida Dava um Filme, quarta longa de ficção da dupla, continua a explorar o território das “franjas”, das “falhas” por onde as pessoas que não se encaixam caem e se perdem: aqui, é o caso de uma dramaturga falhada que se vê obrigada a regressar à casa materna da qual não descansou enquanto não fugiu, e que é confrontada com o facto de não ter sido capaz de concretizar os seus sonhos. Berman e Pulcini têm um óptimo ponto de partida para uma comédia triste, e o elenco para a levar a bom porto, mas não conseguem nunca encontrar o tom exacto; o sarcasmo acaba por se transformar em amargura niilista e desesperada, os melhores esforços dos actores não conseguem levar-nos a gostar destas personagens desconsoladas, o filme desequilibra-se e torna-se numa coisa informe cujo final parece metido a martelo.

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