Videojogos? Mas isso dá dinheiro?

Estar na indústria dos videojogos para mim será sempre um privilégio e só espero encontrar mais pessoas assim no futuro

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Phil McCarten /Reuters

Há pouco tempo encontrei-me numa daquelas situações chatas, que embora já esteja acostumado, ainda são um pouco desconfortáveis. É a simples pergunta que aparece em conversas ocasionais com desconhecidos: “Então, e o que é que você faz na vida?”.

Deixem-me desde já dizer dizer que adoro o que faço, mas, a minha experiência de vida diz-me que a resposta a esta pergunta é olhada sempre com desconfiança por outros. Vá lá, quando é feita por alguém novo, normalmente não tenho muitos problemas, mas, com pessoas mais velhas, vem sempre alguns chiclés. “Jogos, mas isso dá dinheiro?” ou “já não tem idade para encontrar um verdadeiro emprego?”.

Às vezes, ainda tento explicar que a indústria dos videojogos é a mais lucrativa do entretenimento, que faz mais dinheiro que a música e o cinema, que é apaixonante, que está em evolução permanente, que é um desafio criativo fazer parte desta vertente. Mas, claro, quem me ouve, não quer saber disso. Simplesmente, eu não tenho um “trabalho decente”.

Por isso, quando mais uma vez ouvi a questão e lhe respondi, já me estava a preparar psicologicamente para o habitual. No entanto, desta vez não foi esse o caso.

A resposta foi surpreendente: “Isso é muito interessante. Até acho que os videojogos são uma boa aposta para os nossos jovens”. Escusado será dizer que não estava a espera disso.

É bom ver que há respeito pelos profissionais desta área. Bem sei que em Portugal estamos atrás de outros países europeus, mas é sempre bom conhecer alguém que elogie o que fazemos na vida, e ainda mais quando não estamos a espera.

Estar na indústria dos videojogos para mim será sempre um privilégio e só espero encontrar mais pessoas assim no futuro.

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