Há pouco tempo, numa conversa casual, um colega disse-me que tinha um amigo com problemas numa consola antiga e que talvez eu lhe pudesse ajudar. Depois de combinarmos uma conversa de café, lá começamos a ver qual seria o problema:
— Comprei esta consola antiga há uns tempos. Disseram-me que é um dos grandes clássicos e, como era barato, aproveitei. É uma consola preta, quase quadrangular com dois botões rectangulares com um "led" vermelho no meio. Não me lembro do nome agora.
— Ah ok. Deve ser uma Mega Drive 2. E então qual é o problema?
— Não sei bem. Sei que a consola liga porque o "led" acende, mas, no ecrã só aparece um ecrã preto, mas nada mais.
— Hmm, isso pode ser de várias coisas. Às vezes há pó nos terminais ou podes ter encaixado mal o cartucho. Em último caso podes limpar os terminais com álcool ou recorrer ao velho método do “assopra o cartucho”.
— Não tenho cartuchos. É preciso colocar um jogo?
Escusado será dizer que descobrimos imediatamente a “avaria”. Não havia jogo na consola. Para mim é óbvio que é necessário haver um jogo numa consola antiga — sem isso, não há muito que fazer. Poucas consolas vinham com jogos na memória interna. Normalmente, sem jogo, não havia nada.
Já também me aconteceu ouvir queixas de grandes clássicos. Super Mario World, Turrican, Castlevania, Mega Man, Flashback, entre muitos outros, são considerados jogos extremamente difíceis. Ao ponto de já me terem dito “não percebo como estes jogos são populares, não são nada intuitivos/fáceis, prefiro os jogos de agora”.
Não tenho nada contra estas opiniões, simplesmente percebo que algo que é óbvio para mim pode não ser para outros. Afinal com a indústria a querer apanhar o máximo público possivel, começou-se a nivelar a dificuldade dos jogos por baixo, e agora, estão cheios de tutoriais, dicas, apoio na Internet e outras coisas semelhantes. Quantos aos sistemas, bem, agora fazem tudo e mais alguma, incluindo… jogar!
Estamos melhor agora? Sinceramente não sei. Mas, agradeço a sorte de ter estado presente na evolução da indústria. Só prova como o tempo pode ser um privilégio e nunca deve ser desprezado.