José Mourinho, o incendiário, rega o fogo com gasolina

Balneário do Real Madrid está a ferro e fogo e o técnico português dispara em todas as direcções. Adeptos pedem a sua demissão.

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Não adianta assobiar para o lado Sergio Perez/Reuters

Numa conferência de imprensa cujo propósito era a recepção de quarta-feira à noite ao Málaga (20h30, SP-TV1), Mourinho disparou em todas as direcções.

Pepe, o mais recente alvo na lista (pediu respeito por Casillas), ouviu das boas: “O problema dele tem um nome e chama-se Varane. Não é preciso ser muito inteligente para perceber que estamos a falar de frustração. Não é fácil para um homem de 31 anos [na verdade, completou 30 em Fevereiro], com um estatuto e um passado, ser atropelado por um miúdo de 19 anos [fez 20 em Abril] como Varane”, atirou o treinador português. “É a lei da vida. O miúdo é fantástico. E quem teve a coragem de apostar no miúdo? Eu. É muito simples: a vida do Pepe mudou. Era titular indiscutível e deixou de o ser”, acrescentou. Declarações que não entraram no resumo vídeo da conferência que o canal oficial do Real Madrid colocou no YouTube. Mourinho, de resto, não convocou Pepe para o jogo contra o Málaga, mesmo dada a indisponibilidade de Sergio Ramos e Arbeloa.

Outro tema foi a possível saída de Mourinho do Real Madrid. O português garantiu que não planeia demitir-se, pelo contrário: “Penso em continuar”, disse, em tom provocatório. Uma ameaça velada, à luz do que fontes da Gestifute, a empresa de Jorge Mendes que gere a carreira de Mourinho, disseram ao diário espanhol El País. “O técnico desenhou uma estratégia de provocações para construir uma realidade à medida das suas conveniências: assobios no Bernabéu, jogadores que lhe respondem em público, críticas ao seu comportamento incendiário nos media, e um presidente, Florentino Pérez, que, para poupar mais confusões, se contentava em deixá-lo sair para o Chelsea, sem exercer a cláusula de penalização de 20 milhões negociáveis que ficou estabelecida para quem quebrasse unilateralmente o contrato, válido até 2016”, escreveu Diego Torres. “Vou receber até ao último dia em que trabalhar. Não quero nem mais um euro”, frisou Mourinho, desvalorizando um inquérito do diário desportivo As, segundo o qual 88% dos adeptos acreditam que está a forçar o seu despedimento do Real Madrid. Nos últimos dias, o treinador português chegou a ouvir insultos e apupos dos adeptos à saída do centro de treinos de Valdebebas.

Carlo Ancelotti tem sido apontado como provável substituto de Mourinho em Madrid, e o treinador do Chelsea, Rafael Benítez, disse que “toda a gente sabe” quem será o próximo técnico dos blues, em alusão ao suposto acordo que o treinador português já tem com Roman Abramovich, dono do Chelsea.

Como não podia deixar de ser, Iker Casillas também foi visado por Mourinho. Quer um treinador que possa “manipular”, acusou o técnico português, cuja conferência de imprensa foi vista em directo pelos jogadores, no balneário do centro de treinos de Valdebebas, escrevia o El País. “Da mesma maneira que o Casillas pode chegar aqui e dizer: ‘Gosto mais de um treinador como Del Bosque, ou como Pellegrini, um treinador mais manipulável como não sei quem...’ É legítimo que o diga. Eu, como treinador, tenho legitimidade para dizer: gosto mais do Diego López. E, enquanto for treinador do Real Madrid, vai jogar o Diego López. Ponto final”, sentenciou.

“Gosto mais do Diego López enquanto guarda-redes do que do Iker Casillas. É simples. Não tenho nenhum problema pessoal, nem tomo as minhas decisões com o objectivo de prejudicar alguém. Gosto mais. Gosto de um guarda-redes que jogue bem com os pés, que saia bem aos centros, que domine o espaço aéreo... O Iker é um fenómeno entre os postes, faz defesas fantásticas... mas gosto mais de outro perfil de guarda-redes”, concluiu.

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