Novo centro hospitalar do Algarve não prevê extinção de valências

Conselho de Ministros aprova fusão das unidades hospitalares de Faro, Portimão e Lagos.

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A ARS do Algarve garante que a fusão traz vários benefícios para os utentes Virgílio Rodrigues
A proposta da ARS/Algarve de criação do Centro Hospitalar do Algarve, que vai fundir as unidades de Faro, Portimão e Lagos (as duas últimas integram o Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio), foi aprovada na quarta-feira em Conselho de Ministros e anunciada hoje.

"A extinção de valências não está prevista, nem faz sentido acontecer, porque os doentes continuam a existir e o Barlavento continua a ter os seus doentes. Vai haver é uma melhoria na acessibilidade a essas valências porque vamos potenciar o número de especialistas na região", afirmou Martins dos Santos.

Em declarações à Lusa, aquele responsável admitiu que há valências que são mais exíguas em Portimão do que em Faro, mas sublinhou que a partir de agora passará a ser possível utilizar os recursos das duas instituições em conjunto de forma a evitar que os doentes tenham que se deslocar a Lisboa.

O presidente da ARS/Algarve frisou que havia, por vezes, sobreposição na prestação de cuidados de saúde na área da urgência nas duas estruturas (Faro e Portimão), o que provocava que em certos dias essa prestação ficasse a descoberto, obrigando à transferência do doente.

"O que se vai fazer é que quando não houver possibilidade de o doente ser tratado no hospital de Faro será tratado em Portimão e vice-versa", explicou, sublinhando que por as especialidades funcionarem em sobreposição em alguns dias da semana, havia alturas em que não havia essas especialidades na região.

Com a criação do novo centro hospitalar, não haverá necessidade de existirem as mesmas especialidades todos os dias nas duas estruturas, se não houverem recursos suficientes, mas passarão a existir todos os dias na região.

"Não estamos a falar do hospital de Faro nem do hospital de Portimão, estamos a falar da região", referiu, defendendo que a reorganização das estruturas "é de todo o interesse para os utentes" e vai permitir ser uma resposta importante aos "crónicos constrangimentos" de recursos humanos.

Além de permitir reduzir as deslocações de utentes a Lisboa, a medida poderá cativar mais profissionais para a região, que carece de médicos em muitas áreas, além de representar uma diminuição de despesas com cargos dirigentes, que passam para metade, de dez para cinco.

Alguns doentes terão que continuar a deslocar-se a Lisboa nas especialidades que não existem na região — cirurgia cardiotorácica, vascular e pediátrica —, mas Martins dos Santos defendeu que esta articulação permitirá prestar cuidados de saúde de uma forma "que até agora nunca foi possível".

Aquele responsável frisou ainda que haverá "alguns ganhos de escala" que permitirão uma redução de custos em termos de dispositivos clínicos e também na compra de medicamentos.

Martins dos Santos negou ainda que a fusão dos hospitais tenha um impacto negativo nos cuidados de saúde prestados durante o verão, quando a população algarvia praticamente triplica devido ao turismo, uma vez que irá potenciar os recursos existentes.

O presidente da ARS/Algarve não quis, contudo, confirmar quem ficará à frente da nova administração, argumentando que ainda "é prematuro" avançar com essa informação.