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Escola de Chaves, arquitectura entre os anos 50 e o século XXI
Uma escola tem sempre muitos clientes. Os alunos, a direcção, os funcionários, os professores, cada qual com o seu agrupamento, cada qual com as suas preocupações. O arquitecto Nuno Brandão Costa não estranha, por isso, que desde Dezembro, mês em que a Escola de Chaves ficou terminada, já se tenha deslocado ao edifício umas quantas vezes. Por "coisas banais", atenção, sempre com um ponto de vista "funcional". "Perguntam o que se faz para funcionar melhor." Com este projecto, uma encomenda da Parque Escolar, o arquitecto quis, ao contrário da obra de Matosinhos, conceber uma escola "transparente", "aberta" para a cidade, desenhando aquele que é hoje o "maior espaço urbano" de Chaves. Assumiu a "oposição" entre as linhas dos edifícios antigos, típicas das escolas industriais dos anos 50, onde agora se situa a área pedagógica, e a parte nova, um edifício enterrado no terreno, com traços contemporâneos e tons de cinzento, onde nasceram as novas áreas sociais, como a biblioteca, a cantina e o auditório. "Procurei um equilíbrio entre o edifício novo, que propõe uma praça muito livre e muito ampla, mas que se anula no terreno para os antigos." Seria, diz Nuno, um "disparate abdicar da qualidade dos espaços" anteriores, que, ainda para mais, contavam com uma assinatura de renome, impossível de desrespeitar: Januário Godinho. Resultado: uma escola com 15 mil metros quadrados, entre o passado e o presente, sem choque, onde os materiais (marmorites, madeiras, cimento) denunciam onde estamos. Resultado: miúdos a jogar à bola naquela grande praça, a maior da cidade, de todas as vezes que Nuno Brandão Costa lá foi. É sinal que funciona. Amanda Ribeiro