Carvão vai ser tão usado como o petróleo em 2017

Agência Internacional de Energia diz que consumo continuará a subir, sobretudo na China e na Índia, no meio de uma profunda transformação no mercado energético.

Foto
China é o maior consumidor e importador mundial de carvão Jianan Yu/Reuters

De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo de carvão, que cresceu 4,3% entre 2010 e 2011, continuará a subir a um ritmo de 2,6% ao ano até 2017. O aumento virá sobretudo dos países em desenvolvimento – especialmente da China e da Índia. E mesmo que se preveja uma queda nos países em desenvolvimento, o saldo positivo porá o carvão lado a lado com o petróleo como fonte energética de eleição.

O cenário de médio prazo da AIE para o carvão traça um mercado em profunda mudança. Os Estados Unidos precisam cada vez menos de carvão, devido à exploração crescente de gás de xisto – uma forma não-convencional de gás natural, que está a revolucionar o panorama energético norte-americano. Enquanto o gás substitui o carvão nos EUA, na Europa a tendência está a ser contrária – com a importação dos excedentes norte-americanos a preços que caíram cerca de 35% entre 2011 e 2012.

Ainda assim, o aumento do consumo previsto na Europa é pequeno – 0,4% por ano até 2017 – e nos países da OCDE em geral, o que se antecipa é uma queda de 0,7% por ano.

Do outro lado do mundo, o carvão continua a ser o motor energético do crescimento das economias emergentes. A China já ultrapassou o Japão como o maior importador mundial de carvão. Em 2014, mais da metade do carvão consumido no mundo estará a ser utilizada nas centrais térmicas e fábricas chinesas.

Na Índia também se prevê um crescimento acelerado, com o país a ultrapassar os Estados Unidos com segundo maior consumidor de carvão dentro de cinco anos.

Na prática, até 2017 estarão a ser queimadas 1200 milhões de toneladas a mais de carvão por ano em todo o mundo, em comparação com os dias de hoje. Em cerca de uma década, segundo a AIE, o carvão já será a principal fonte mundial de energia – a despeito dos seus potenciais danos ambientais, em especial as emissões de CO2.

Dois travões ao carvão não estão neste momento a funcionar. O mercado de carbono está em baixo – em especial, o Comércio Europeu de Licenças de Emissão, com preços do CO2 que desestimulam esforços para a redução das emissões. E o uso da tecnologia de captura e sequestro de carbono, que permitiria recolher o CO2 nas chaminés e enterrá-lo no subsolo, não está a avançar.

Sem isso, segundo a AIE, apenas a competição pelo preço – como está a acontecer nos Estados Unidos – pode limitar o uso do carvão, em favor de outras fontes de energia menos poluentes, como o gás natural ou outras alternativas. “A Europa, a China e outras regiões deveriam tomar nota disto”, diz a directora executiva da AIE, Maria van der Hoeven, num comunicado.
 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar