CGTP pede a Cavaco Silva que “ouça o povo”
Milhares de pessoas, segundo Arménio Carlos, pediram este sábado o veto ao Orçamento do Estado para 2013.
O tom do protesto mudou quando o secretário-geral da CGTP relembrou o pedido de audição que a central sindical apresentou ao Presidente da República há um mês e que continua sem resposta. "Teve tempo para receber todos e mais alguns e anda a fugir de receber a CGTP", sublinhou.
No discurso aos manifestantes, o líder sindical insistiu na ideia de que "cada dia que passa com este Governo no poder, é mais um dia de angústia e sofrimento para a esmagadora maioria dos que vivem e trabalham em Portugal".
O secretário-geral da CGTP considerou que as prioridades do país deveriam ser o aumento da produção nacional "para criar emprego e reduzir a dependência externa". Por outro lado, Arménio Carlos disse ser necessário "parar de imediato com as privatizações" e actualizar o salário mínimo nacional no próximo mês de Janeiro para 515 euros. O líder sindical descreveu como uma "trafulhice" o pagamento de 50% dos subsídios de Natal e de férias em duodécimos, que salientou servir para "diluir ao longo do ano o roubo de um salário".
Arménio Carlos apelou à subscrição da petição Em defesa das funções sociais do Estado, que, garantiu, ter ultrapassado as cinco mil assinaturas. "Não há liberdade a sério quando a saúde, a educação e a protecção social estão a ser ameaçadas", vincou.
O protesto teve início no Largo de Alcântara e no Largo do Calvário e terminou em Belém, bem longe da porta de entrada da residência oficial de Cavaco Silva. Dezenas de polícias e vedações de metal impediram que o Presidente da República ouvisse com melhor clareza as reivindicações.
A manifestação contou com a presença de alguns deputados comunistas e também do secretário-geral do PCP. Jerónimo de Sousa disse concordar com a ideia da CGTP de que "o Presidente da República só tem uma posição de fundo: vetar o Orçamento e recorrer ao Tribunal Constitucional".
Jerónimo de Sousa elogiou o protesto da CGTP, vincando que "perante este OE, ninguém pode ficar calado, porque a vida dos portugueses vai ser infernizada com o saque fiscal em preparação", acrescentando que terá como consequências "a ruína de muitos pequenos e médios empresários e dificuldades e injustiças que se vão acentuar".
Em jeito de balanço de 2012, Arménio Carlos considerou que "foi um ano de muita luta e acima de tudo de coragem e valentia" e deixou uma garantia: "A luta não vai parar, mas sim prosseguir e intensificar-se em 2013."
O secretário-geral da CGTP afirmou ser "hoje, mais do que nunca, necessário engrossar este caudal de luta que é de todos e para todos" e acrescentou: "Nós vamos a jogo não é para perder, é para ganhar e vamos ganhar."